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Assunto
História oral, sua importância e uso na memória empresarial
Na terça-feira, 21/07, no 3º episódio da série #PaposDeMemória, conversamos sobre "História oral, sua importância e uso na memória empresarial", com Miriam Collares Figueiredo.
A historiadora abordou sua experiência na área, principalmente com o projeto Memória Petrobras. Confira os trechos que marcaram a discussão, além das indicações de filmes e livros da convidada.
O início. "A partir dos anos 1980 e fortemente nos anos 1990 e 2000 começaram a surgir os centros de memória como a gente entende hoje. Isso é o reflexo do que a gente via na sociedade, em um momento de muita mudança nas empresas, com a aceleração do tempo e com as transformações tecnológicas que trazem muita insegurança e angústia com a nossa incapacidade de guardar todas as informações. É a partir disso que surgem os 'lugares de memória'".
História Oral. "Você não tem contato com o personagem em outros períodos da história. É um privilégio dos historiadores que estudam o tempo presente contarem com a história oral e a experiência do vivido. É fundamental e um recurso que a gente não deveria perder. Não dá pra pensar memórias de empresas sem história oral".
Memória Petrobras. "A ideia era contar a história da empresa pela visão dos trabalhadores. Então fizemos uma grande amostra, levando um estúdio itinerante em várias unidades da companhia pelo Brasil. Nessa etapa eram até entrevistas mais curtas, espontâneas. A partir daí criamos um programa mais institucional e começamos a estabelecer alguns temas e encontrar pessoas que nos ajudassem a trabalhar dentro deles. Fizemos livros e exposições virtuais, sempre com o intuito de divulgar essa história para um público maior com uma linguagem acessível.
Depoente e entrevistador. "Os relatos de história oral são uma construção compartilhada entre depoente e entrevistador, porque eu preparo um roteiro e se ele esquecer alguma coisa, eu ativo aquela memória. Por mais que a metodologia o deixasse falar livremente, tinha essa questão da condução: nós tínhamos objetivos. Além disso, a memória é sempre acionada a partir do nosso presente. Então o produto final é dos dois".
Do presidente ao técnico. "Antes os centros de memória até registravam depoimentos orais, mas sempre da alta administração. Nos anos 2000 isso mudou com a importância que o sujeito passa a ter. O Museu da Pessoa (parceiro no projeto Memória Petrobras) retrata isso, entendendo que todo mundo tem o seu papel e o direito de contar a sua história".
Indicações da convidada
Filmes. "Narradores de Javé" (2003), e "Amnesia" (2000).
Artigo. "Memória, relatos autobiográficos e identidade institucional", de Ana Paula Goulart Ribeiro e Marialva Barbosa. Disponível aqui.
Livros.
"Manual de história oral", de Verena Alberti.
"Usos e abusos da história oral", de Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado.
"A voz do passado: história oral", de Paul Thompson.
"Guia prático para história oral: para empresas, universidades, comunidades , famílias", de José Carlos Sebe B. Meihy e Suzana L. Salgado Ribeiro.
"Seduzidos pela memória", de Andreas Huyssen.
"A guerra não tem rosto de mulher", de Svetlana Alexijevich.


