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Os acervos empresariais: semelhanças, diferenças e caminhos

TER 07/07/2020

Acervos empresariais: semelhanças, diferenças e caminhos

Na terça-feira, 07/07, no 2º episódio da série #PaposDeMemória, conversamos sobre "Os acervos empresariais: semelhanças, diferenças e caminhos", com Miriam Pazin.

Foram quase 2h de conversa com muita participação do público. Confira os principais pontos da discussão e as indicações da convidada:

Memória Organizacional X Memória Empresarial. "Memória é um termo polissêmico, que depende muito da área do conhecimento no qual é usado. A Memória Organizacional é fortemente ligada à Tecnologia da Informação e à Gestão do Conhecimento, já a Memória Institucional vem das Ciências Humanas e é relacionada à memória coletiva, tendo como subcategoria a Memória Empresarial, de aplicação no ambiente das empresas".

Entretanto... "Embora esses caminhos tenham sido separados, hoje já se discute a Memória Institucional como guarda-chuva no que diz respeito à memória das entidades e organizações. E a Memória Organizacional como um instrumento desse contexto específico informacional".

Tripé informacional. "A ideia de preservação e uso da informação envolve um tripé com 3 pontos que precisam estar ligados para que possamos trabalhar com a memória de uma maneira relevante: os documentos (informação registrada), os conhecimentos organizacionais (tácito e explícito) e os processos (memória em movimento)".

Seleção. "As organizações têm acervos enormes e nem tudo vai ser usado, porque nem tudo a gente consegue processar. E por isso é preciso definir, antes de tudo, a política de acervo, que define o que eu vou preservar como matéria-prima para a memória da organização. Nesse momento, é necessário levar em conta a ideia de memória para cada organização e qual uso pretende-se fazer dos seus documentos".

Estratégias de uso da memória. "Ao longo dos anos eu venho percebendo que 3 linhas de atuação são muito representativas como estratégia de uso da memória dentro da administração empresarial: na cultura organizacional (criação de pertencimento e formação de lideranças), na comunicação externa (consolidação da reputação institucional) e na gestão do conhecimento (construção de repositórios). E cada uma dessas linhas envolve um caminho um pouco diferente".

O valor do patrimônio documental. "Aquelas estratégias que comentamos têm demonstrado para os empresários que a memória e os arquivos são relevantes para além do uso primário. Mas temos uma questão cultural, que leva tempo para ser modificada. Além desse trabalho de convencimento da relevância, temos também que valorizar os resultados desse trabalho: as possibilidades de utilização em benefício da organização".

Desafios da área. "Dividiria os desafios em dois níveis: Técnico (consolidação do arquivo permanente, conservação, organização, espaço...) e Comunicacional (contato, negociação e engajamento das áreas que fornecem os documentos e informações que serão utilizados nos projetos de memória)".

Memória X História. "A memória é muito mais fluída e se constrói e se reconstrói ao longo do tempo. A história, por outro lado, é um processo analítico, de registro e produção de conteúdo a partir de um conjunto de fontes documentais - é um corte feito a partir da memória".

Conteúdos e a pandemia. "Uma das coisas que vão ficar dessa pandemia, nesse contexto, é que estamos nos habituando a funcionar online. Então cada vez mais o nosso usuário, o pesquisador, vai querer mais conteúdo, como também vai querer um conteúdo mais elaborado. São várias pontas que nós temos que amarrar".

Indicações de leitura pela convidada

1. "Memória institucional", livro de Icléia Thiesen.

2. "Centros de memória: uma proposta de definição", livro de Ana Maria Camargo e Silvana Goulart Guimarães.

3. "Centros de Memória – Manual Básico para Implantação", elaborado pelo Itaú Cultural. Download aqui.

4. "Memória organizacional e seu papel na gestão do conhecimento", artigo da Revista de Ciências da Administração. Download aqui.