Chesf completa 76 anos

Postado em 15/03/2024
Paulo Brandi

Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciou carreira profissional no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pesquisador da Memória da Eletricidade desde 1987, onde coordenou diversos trabalhos publicados pela instituição, entre os quais, "Eletrificação rural no Brasil: uma visão histórica".

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Há 76 anos, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco foi constituída com a missão de prover energia para a região Nordeste, mediante o aproveitamento do extraordinário potencial hidrelétrico da queda do rio São Francisco em Paulo Afonso. Na época, o abastecimento de energia elétrica em todo o Nordeste era extremamente precário e dependente de pequenas termelétricas que queimavam derivados de petróleo ou lenha. A construção de uma usina de grande porte em Paulo Afonso, na divisa da Bahia com Alagoas, despontou como empreendimento chave para a superação do déficit energético da região. 

Primeira empresa pública de eletricidade do país, a Chesf foi criada pelo presidente Getúlio Vargas em 3 de outubro de 1945 e constituída de fato em 15 de março de 1948 no governo Eurico Gaspar Dutra.  A proposta de criação da empresa, apresentada a Vargas pelo ministro da Agricultura, engenheiro Apolônio Sales, foi aprovada pelo presidente, não obstante a objeção de membros do governo e de personalidades influentes, como o renomado economista Eugênio Gudin  

Retardada por causa da deposição de Vargas em 29 de outubro de 1945, a organização da Chesf acabou merecendo o apoio integral do presidente Eurico Dutra. A empresa foi constituída em assembleia geral no Rio de Janeiro, onde ficaria inicialmente sediada. A primeira diretoria foi composta pelos engenheiros Antônio José Alves de Sousa (presidente), Octavio Marcondes Ferraz (diretor técnico), Carlos Berenhauser Júnior (diretor comercial) e Adozindo Magalhães de Oliveira (diretor administrativo). 

Em janeiro de 1955, Paulo Afonso I, a primeira das cinco usinas do complexo de Paulo Afonso, foi inaugurada pelo presidente João Café Filho, demonstrando a capacidade da Chesf para a realização de projetos de envergadura. Com 180 megawatts de potência, a hidrelétrica mais que duplicou a capacidade de geração preexistente na área de atuação da companhia. 

A Chesf foi o principal agente do processo de eletrificação do Nordeste no contexto do modelo estatal do setor elétrico, liderado pela Eletrobras a partir de 1962. Como subsidiária da Eletrobras, a companhia levou adiante a construção das usinas do complexo de Paulo Afonso e de outras hidrelétricas no rio São Francisco, como Sobradinho, na Bahia, e Xingó, entre Alagoas e Sergipe.  

Na primeira década do século XXI, a companhia firmou parcerias com outros agentes do setor elétrico para a realização de diversos empreendimentos de geração e transmissão, inclusive fora de sua tradicional área de atuação, notadamente na região Amazônica 

Em 2022, a Chesf foi desestatizada em decorrência da privatização da Eletrobras, mediante oferta pública de ações para agentes privados que diluiu a participação da União na companhia. Com a desestatização da Eletrobras, Xingó e a as usinas do complexo de Paulo Afonso passaram do regime de concessão de Serviço Público de Geração para o regime de Produção Independente de Energia (PIE) com a sua respectiva descotização 

A Chesf permanece como empresa controlada pela Eletrobras, ocupando a segunda posição entre os maiores agentes em capacidade geradora do Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).  A Eletrobras se mantém como maior companhia de energia elétrica da América Latina. 

Confira registros 
da cerimônia de inauguração da Praça Apolônio Sales, na Chesf, em 15 de março de 1993, por ocasião da comemoração dos 45 anos de aniversário da companhia.

Paulo Brandi

Graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF), iniciou carreira profissional no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). É pesquisador da Memória da Eletricidade desde 1987, onde coordenou diversos trabalhos publicados pela instituição, entre os quais, "Eletrificação rural no Brasil: uma visão histórica".