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Novos desafios e oportunidades para a gestão socioambiental no setor elétrico brasileiro

TER 29/09/2020

No 4º episódio da série #PaposDeEnergia finalizamos com chave de ouro a primeira temporada realizada em cooperação entre Memória da Eletricidade e Cigre-Brasil. Realizado no dia 29 de setembro, este webinar abordou o tema “Novos Desafios e Oportunidades para a Gestão Socioambiental no Setor Elétrico Brasileiro”.

Ricardo Buratini, curador digital da Memória da Eletricidade, mediou dessa vez uma conversa com os integrantes do Comitê de Estudos C3 – Desempenho Ambiental de Sistema – do CIGRE-Brasil: Daniella Soares, Secretária Executiva do Comitê e Membro do GT Internacional C3.21 - “Including Stakeholders in the Investment Planning Process”, Katia Garcia, Membro do Comitê e Representante Brasileira no Working Group C3.20 - “Sustainable Development Goals in the Eletric Power Sector” e Antônio Fonseca dos Santos, Membro do Comitê e Consultor em Meio Ambiente e Sustentabilidade.

O diálogo se iniciou com uma breve introdução do Comitê de Estudo C3 - Desempenho Ambiental de Sistemas do CIGRE-Brasil, realizada por Daniella. A convidada evidenciou a missão do Comitê, explicitando suas principais linhas de atuação, os grupos de trabalho internacionais e os principais temas que têm sido abordados em âmbito nacional e internacional. 

Na sequência, Katia apresentou a trajetória da gestão socioambiental partindo da conceituação histórica do desenvolvimento sustentável, expondo uma linha do tempo dos principais fóruns internacionais sobre o clima e a evolução das discussões sobre o seu conceito, dando ênfase ao surgimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Kátia reforçou a importante relação entre desenvolvimento econômico, sociedade e meio ambiente, evidenciou o pioneirismo do setor elétrico na busca por analisar quais ODS deveriam priorizar e como a energia é um produto chave para alcançar o tão esperado desenvolvimento sustentável, apresentando ainda como o CIGRE vem trabalhando para a discussão e implementação dos ODS. 

Complementando as elucidações das convidadas, Antônio contextualizou o surgimento e o uso crescente do termo ASG (Ambiente, Sociedade e Governança) no debate. Através da apresentação do histórico de ações socioambientais promovidas pelo setor elétrico, ações que se iniciaram já na década de 1980, o convidado destacou que, apesar de nem sempre ter tido sucesso, o setor trabalha “há muito tempo” com princípios que estão em consonância com boas práticas socioambientais. Antônio ainda destacou as relações entre os ODS e o ASG, salientando os aspectos mais importantes na questão ambiental e social para o setor elétrico. 

Dando continuidade ao debate, os convidados discorreram sobre os impactos da pandemia do COVID-19 na gestão socioambiental. A esse respeito, destacaram que fundos compostos por empresas comprometidas com os princípios ASG têm apresentado desempenho relativamente melhor em meio à crise, o que evidencia uma possível tendência para os próximos anos. Os convidados ressaltaram ainda que o momento de crise também pode ser visto como um momento de oportunidades para mudanças positivas na gestão de empresas em relação aos aspectos ambientais, sociais e de governança, uma vez que há esse interesse e atenção crescente de investidores nesses fundos ASG.

Finalmente, cada um dos participantes destacou alguns desafios para o futuro da gestão socioambiental no setor elétrico. Para Kátia, o grande desafio é garantir que as avaliações socioambientais não sejam desconsideradas em nome de uma retomada econômica a qualquer custo. Também sublinhou a necessidade de monitoramento cada vez mais efetivo das contribuições individuais em busca do desenvolvimento sustentável. Para Daniella, um dos principais desafios pós-COVID será assegurar o respeito aos Direitos Humanos, principalmente os direitos das comunidades atingidas, nessa retomada. Desta maneira, as empresas deveriam se organizar para ampliar e dar prosseguimento às ações de solidariedade e de cooperação iniciadas durante a pandemia. 

Para Antônio, o grande desafio seria o fortalecimento do relacionamento entre empresas e as comunidades locais. Antônio listou alguns princípios que devem reger esse relacionamento e destacou, dentre esses, a necessidade de fazer com que as comunidades atingidas sejam efetivamente sujeitos ativos nos projetos setoriais que as afetam. É fundamental que os representantes das empresas “se coloquem no lugar daquelas pessoas atingidas”; é crucial assegurar voz a essas comunidades, acatar seus pontos de vista desde o início e buscar entendimentos ao longo dos processos. É isso que permitirá a compatibilidade entre o crescimento e o bem-estar social.

A série #PaposDeMemória

A Memória da Eletricidade, em parceria com o Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (CIGRE-Brasil) apresenta uma temporada especial do #PaposDeEnergia.

A série marca o início do programa de desenvolvimento e atualização voltado para os profissionais do setor de energia, que integra os três principais pilares de atuação da Memória da Eletricidade: gestão da memória, gestão da informação e gestão do conhecimento.

Nos 4 episódios da temporada, receberemos membros do CIGRE-Brasil para conversas sobre as transformações no setor elétrico ocasionadas pela pandemia do Covid-19.

Materiais para download

Quer analisar no detalhe a apresentação trazida pelos convidados para este episódio? Faça o download do material aqui.