Eventos

No quarto episódio da série #PaposDeEnergia, abordamos o tema “Além do WATT – Cooperativismo e Inovação no Setor Elétrico”. Ricardo Buratini, curador digital da Memória da Eletricidade, mediou dessa vez uma conversa entre Alexandre Pinhel, Membro do Comitê de Estudos C4 – Desempenho de Sistema Elétrico, e Carlos Nascimento, Membro do Comitê de Estudos B2 – Linhas Aéreas, ambos do CIGRE-Brasil. Os participantes iniciaram o diálogo dando destaque à trajetória tecnológica do setor elétrico mundial, desde sua formação inicial até o início do século XXI. No caso brasileiro, Carlos Nascimento abordou a importância da interligação da nossa rede de transmissão, enfatizando que a capilaridade dessa rede permite ao Brasil fazer o melhor uso dos seus recursos energéticos. Obra de várias décadas de investimentos, nossa rede ainda é, segundo Carlos, “motivo de inveja para o restante do mundo”, pois coloca o país na vanguarda mundial no que diz respeito ao desafio de integrar as fontes renováveis à nossa matriz energética.

Complementando a exposição inicial de Carlos Nascimento, Alexandre Pinhel lembrou que a tecnologia que hoje prevalecente no sistema elétrico ainda não é muito diferente das primeiras tecnologias adotadas após a grande inovação de Niagara Falls, em 1895. Segundo Pinhel, desde então predomina uma rede onde há, numa ponta, uma fonte geradora remota seguida por transformadores, linhas de transmissão e, depois, outros transformadores para fazer a energia chegar em tensões mais reduzidas ao consumidor final.

Passando a analisar as tecnologias mais recentes comumente apresentadas como inovadoras, Carlos Nascimento destacou que muitas vezes a inovação reside na junção de duas tecnologias consolidadas em áreas distintas. Aqui o exemplo emblemático foi o das redes compartilhadas entre os setores de energia elétrica e telecomunicações. Com efeito, esse compartilhamento permite “aproveitar a infraestrutura do setor elétrico e fazer com que ele se torne também um grande agente de comunicação de dados” a partir da inclusão de fibras ópticas nos ativos de transmissão e distribuição elétrica. Essas redes sinérgicas em grandes centros urbanos constituem, segundo Carlos, atrativos importantes para novos investimentos, para a geração de novos serviços, permitindo, inclusive, maior segurança de dados. O desafio, porém, ainda estaria na regulação (que ainda não prevê tais compartilhamentos) e no “modelo mental” de muitos dos agentes acostumados às práticas consagradas.

Abordando a relação entre as redes e as fontes renováveis (notadamente eólica e solar), Pinhel lembrou na sequência que, apesar de bem-vindas, as renováveis têm um indesejado componente de intermitência. Sobre esse assunto, Alexandre enfatizou que existem incertezas relevantes no que se refere ao desenvolvimento das baterias, instrumentos indispensáveis para armazenar energia e neutralizar a intermitência das renováveis.

Ainda segundo Pinhel, o Brasil precisaria também direcionar esforços para o desenvolvimento de tecnologias sem deixar de priorizar as necessidades mais fundamentais da sociedade. Há, no entanto, uma carência muito grande de informações e compreensão sobre os impactos que os estilos de vida mais modernos geram no consumo de energia e no uso de recursos naturais escassos. A esse respeito, Alexandre frisou que muitos dos serviços que compõem esses estilos de vida modernos (uso da internet, por exemplo) são altamente intensivos em energia elétrica. Dessa forma, os consumidores deveriam ser mais instruídos a esse respeito para não gerarem, involuntariamente, efeitos adversos indesejados.

Por fim, o #PaposDeEnergia abordou dois casos muito interessantes onde se pôde comprovar que, se bem direcionadas, as tecnologias tornam-se aliadas decisivas na solução de problemas fundamentais. O primeiro caso foi trazido por Carlos Nascimento e trata-se da viabilidade de se usar as tecnologias mais modernas de monitoramento da rede para agilizar o combate a incêndios. O segundo caso foi trazido por Alexandre Pinhel, que reportou a valiosa e emocionante parceria entre o CEFET, FURNAS e a Secretaria de Saúde do RJ para restaurar respiradores mecânicos danificados e, assim, salvar vidas duramente a fase mais crítica da pandemia do COVID. Aqui, o cooperativismo e a inovação se uniram em prol das mais justas das causas: a vida humana e a preservação do meio ambiente.

A série #PaposDeEnergia

O #PaposDeEnergia é uma iniciativa da Memória da Eletricidade, com foco no treinamento, desenvolvimento e atualização dos profissionais do setor de energia. Neste episódio, realizado em parceria com o Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (CIGRE-Brasil), discutimos os desafios e oportunidades no mercado de geração distribuída no pós-Covid.

Materiais para download

Quer analisar no detalhe a apresentação do Carlos Nascimento, trazida para esse episódio da série? Faça o download aqui.