Uso de máscaras, um método eficaz de proteção

Postado em 06/09/2021
Igor Sacramento

Igor Sacramento é doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e pesquisador em Saúde Pública pela Fiocruz. Na UFRJ, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura e pesquisador do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação. Na Fiocruz, além de editor científico da Revista de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, é professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde e pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde. Na Memória, colabora com as lives "Memórias da Pandemia".

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Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu uma notificação de um surto de pneumonia viral desconhecido na província de Hubei, na China. Posteriormente, descobriu-se que esse surto foi causado pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus-2), que é anacrônico, em inglês, para SARS-CoV-2). A doença, chamada de COVID-19, se espalhou rapidamente pelo mundo. A COVID-19 é transmitida principalmente por gotículas respiratórias. A rápida disseminação internacional da doença pressionou a OMS a declarar pandemia como uma emergência de saúde pública de importância internacional no final de janeiro de 2020. Tal decisão é tomada quando um evento com implicações importantes para a saúde pública cruza as fronteiras do país afetados inicialmente, exigindo ação internacional imediata. Na ausência de antivirais e enquanto se dá um processo de vacinação em larga escala, várias estratégias de saúde pública para conter a infecção foram implementadas em todo o mundo. Essas estratégias geralmente consistem em bloqueios e fechamentos de fronteiras nacionais e/ou intranacionais, bem como a promoção da higiene respiratória (mascaramento, etiqueta para tossir e espirrar) e higiene das mãos. O pacote de medidas de contenção para COVID-19 em todo o mundo provavelmente representa a maior intervenção de saúde pública global na história, embora o impacto social e individual dessas medidas ainda esteja sendo compreendido em diversas pesquisas.

Embora as abordagens adotadas pelos governos nacionais para lidar com a emergência tenha variado amplamente, dois principais tipos de políticas podem ser identificados: (1) políticas de saúde visando ao fortalecimento da capacidade do sistema hospitalar; e (2) políticas destinadas a reduzir a probabilidade de pessoas contrair o vírus, como bloqueios e medidas de distanciamento social. O lockdown fomentou um debate sobre a necessidade de tais medidas. Um lockdown, ou, em português, bloqueio total ou confinamento, é um protocolo de isolamento que geralmente impede o movimento e a circulação de pessoas ou cargas, tendo níveis de restrição. A expressão, originalmente, se refere a quando, diante de uma ameaça ou evento externo, se fecha para proteger a integridade de seu funcionamento e dos dados que armazena. Houve bastante resistência em diversos países ao redor do mundo, porque o bloqueio caracterizaria uma parada necessária de muitas atividades produtivas. Como explicou Clemente Nobrega, as medidas de contenção da transmissão do vírus quanto mais eficazes forem mais rapidamente poderia haver a retomada das atividades econômicas, explorando ainda criativa e responsavelmente novas dinâmicas de trabalho, como o home office, por exemplo. A insistência na resistência poderia levar tanto à demora no controle da pandemia quanto no incremento da economia. 

Sociedade deve aplicar as medidas de biossegurança

O médico pneumologista e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora Júlio Abreu, desde o início da pandemia, vem falando e orientando sobre a importância do uso das máscaras. Como numa live para a Memória da Eletricidade, em que ele afirmou que a preocupação maior é que a nossa sociedade aplique as medidas de biossegurança. Mesmo com as variantes, ainda que elas sejam mais transmissíveis, a forma de contaminação ainda é a mesma, pelo ar, aumentando o risco de contaminação em casos de proximidade entre pessoas e permanência em lugares fechados, segundo ele, então, nosso cuidado deve seguir sendo responsável. Afinal, nosso sistema de saúde está em jogo porque não existe risco individual quando o assunto é Covid-19.

Em toda oportunidade possível, Abreu reforça a importância do uso de máscaras. Para ele, quanto maior a capacidade de filtração da máscara, maior a proteção. Se você estiver usando a máscara corretamente e evitando aglomerações em ambientes fechados, será quase impossível você se contaminar por aerossóis. O segredo está no ajuste da máscara ao rosto: quanto mais ajustada, maior será a eficiência de infiltração. Quem está com a máscara abaixo do nariz já perdeu toda a proteção, por exemplo. Os recursos de usar elásticos ou grampos para aumentar a aderência das máscaras também podem aumentar, e muito, a capacidade de filtração delas.

Máscaras do tipo PFF2/N95 são as recomendadas por especialistas

Como explicou também numa live a pesquisadora Naiá Ortelan, a recomendação de especialistas é utilizar máscaras PFF2/N95. Na falta desse tipo específico, é recomendável utilizar máscaras de tecido com três camadas (clique aqui para checar os requisitos para cada uma) ou cirúrgicas: a maior preocupação é que elas estejam bem ajustadas à face. A combinação de duas máscaras – uma de tecido por cima e uma cirúrgica por baixo –, quando ambas estão rentes ao rosto e sem espaço de folga entre elas, também é uma boa saída. Máscaras de tricô, neoprene ou 100% algodão ou poliéster não oferecem a proteção mínima recomendada.

No cenário de pandemia da Covid-19 em que estamos mergulhados, muitos pensam que estão assumindo um risco individual quando não usam a máscara ou quando recusam a vacina. O que essas pessoas não entendem, ou não querem entender, é que não existe risco individual na Covid-19. Como afirmou Júlio Abreu, o risco será sempre coletivo. E, nesse coletivo, estarão também as pessoas que nós amamos. Por isso, a máscara é mais do que proteção individual: é cuidado coletivo.

Sobre a série #MemóriaDaPandemia

Em março de 2020, em um momento de grandes desafios causados pelo Covid-19, a Memória da Eletricidade lançou #MemóriaDaPandemia, uma série de lives nos seus canais oficiais no Instagram, Facebook e YouTube. O projeto atende à demanda por informações seguras e debates qualificados nas áreas de Saúde, Arte & Cultura e Gestão & Liderança. Com curadoria e apresentação do professor Igor Sacramento, doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e pesquisador em Saúde Pública pela Fiocruz. Os episódios de #MemóriaDaPandemia são transmitidos todas as segundas, quartas e sextas-feiras, às 10h.


Igor Sacramento

Igor Sacramento é doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e pesquisador em Saúde Pública pela Fiocruz. Na UFRJ, é professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura e pesquisador do Núcleo de Estudos e Projetos em Comunicação. Na Fiocruz, além de editor científico da Revista de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, é professor do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde e pesquisador do Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde. Na Memória, colabora com as lives "Memórias da Pandemia".