Mário e Oswald, os dois Andrades que indicaram os caminhos da poesia brasileira no século XX

Postado em 18/05/2021
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“A poesia modernista fincou pés em duas vertentes bem claras, que, de certo modo, induziram aos movimentos posteriores, durante o século XX”, afirmou o jornalista, crítico literário, curador do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa, e apresentador do Canal Arte 1 Manuel da Costa Pinto, na live da série "Semana de Arte de 1922: Passado, presente e futuro", transmitida na quinta-feira, 13 de maio, pelo canal do Youtube da Memória da Eletricidade,.

Os dois Andrades dominaram a cena poética brasileira, cada um a seu modo. Mário personificou a poesia lírica, que se espraiou não só pela produção poética de Manuel Bandeira, parceiro desde os anos 1920 de Mário, como também e sobretudo de Carlos Drummond de Andrade. O outro Andrade, Oswald, impulsionou o lado construtivista da poesia, segundo Costa Pinto, um veio que desembocou no movimento da poesia concreta, nos anos 1950.

Uma conversa reveladora que mostrou, por exemplo, que o romance regionalista nordestino – de José Lins do Rego e Graciliano Ramos – acabou realizando alguns dos pressupostos da cartilha modernista de se criar uma arte autenticamente brasileira.

— Mesmo que esses escritores fossem explicitamente contrários à Semana de Arte Moderna de 1922, por eles tida como evento eminentemente localizado em São Paulo e que pouco ou nada tinha a ver com suas realidades artísticas e culturais — esclarece Costa Pinto.

Dois livros e um poema fundamentais para a língua portuguesa

Por último, Manuel da Costa Pinto indicou dois poemas em língua portuguesa que possuem o condão de capturar e seduzir leitores, transformando-os em frequentadores diários da leitura de poesia:

— Vou citar dois que são, para mim, os mais perfeitos poemas escritos em língua portuguesa. De um lado, "Tabacaria", de Alvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, e "A Máquina do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade. 

Arranquei dele ainda a indicação de um livro capaz de levar o leitor à paixão pela poesia: “A Rosa do Povo”, de Drummond, obra simbolicamente lançada em 1945, ano da morte de Mário de Andrade, o maior guru do poeta mineiro.

Próximo episódio

Na próxima quinta-feira, dia 20 de maio, Viviana Gelado, professora de Literatura latino-americana na UFF – Universidade Federal Fluminense, vai conversar sobre o modo como a Semana de 22 se relacionou com os demais movimentos de vanguarda dos anos 1920 na América Latina.