Mário de Andrade, Villa-Lobos e a gestação da cultura brasileira no século XX

Postado em 29/03/2021
João Marcos Coelho
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Villa-Lobos e Mário de Andrade, duas figuras-chaves não só da Semana de Arte Moderna de 22 mas verdadeiros faróis que iluminaram os últimos cem anos da cultura brasileira, foram os temas de uma conversa deliciosa com a professora titular do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP Flávia Toni, que vem dedicando sua vida à pesquisa da obra do autor de “Macunaíma”.

Os cruzamentos entre eles, as rusgas e as admirações mútuas de dois gigantes do modernismo brasileiro frequentaram a segunda live da primeira temporada de “Semana de Arte Moderna 1922 – Passado, Presente, Futuro”, da Memória da Eletricidade. Com curadoria e apresentação do jornalista e crítico musical João Marcos Coelho, a série contará com 30 episódios, divididos em três temporadas de dez lives. 

Com seu jeito calmo e tranquilo, Flávia Toni mostrou, no episódio "Mário de Andrade e a música popular", conexões inesperadas, revelou facetas – curiosas umas, fundamentais outras – a respeito da relação de Mário de Andrade e de Villa-Lobos com a música popular brasileira. Responsável por um trabalho fundamental de organização e notas do que chama de uma “edição fidedigna” do “Ensaio sobre Música Brasileira”, de Mário, publicado em 2020 pela Edusp com apoio da Fapesp, Flávia mostra por que Mário permanece atualíssimo nestes tempos pós-modernos pluralistas em que vivemos.

Uma data para ser lembrada

Talvez porque tenha sido publicado no mesmo ano de “Macunaíma”, passou em branco uma data redonda em relação a um livro-chave de Mário de Andrade: em 2018 deveríamos ter comemorado os 90 anos da publicação do “Ensaio sobre música brasileira”. Assim mesmo, sem o artigo definido “a” que consta desde a primeira edição. Ele é, com certeza, um dos livros que exerceram maior influência na música brasileira. Foi o momento em que, após o clarão modernista de 1922 calcado em boa parte nas vanguardas europeias, Mário voltava-se para o país, gestando o ideário nacionalista – de novo antenadíssimo com o que rolava na Europa naquela década.

Ouça a entrevista de João Marcos Coelho para a Rádio Cultura FM:

https://cultura.uol.com.br/radio/programas/estacao-cultura/2021/03/25/247_semana-de-22-passado-presente-futuro.html 

Próximo episódio da série

Na próxima quinta-feira, dia 1º. de abril, às 18 horas, vamos conversar sobre Oswald de Andrade, o parceiro preferencial de Mário na Semana de 22, com a professora de teoria literária da USP Maria Augusta Fonseca, autora da biografia mais importante do poeta, escritor, dramaturgo e acima de tudo polemista e provocador modernista Oswald (Editora Globo, 2007).

Programação

Confira a programação completa da primeira temporada da série de lives "Semana de Arte Moderna de 1922: Passado, Presente e Futuro". Os episódios são transmitidos sempre às quintas-feiras, às 18h, no canal da Memória de Eletricidade no Youtube.

Tudo que você precisa saber sobre a semana de 22:

Abril:

1/4 – Polêmica, antropofagia e criatividade – Um sobrevoo pelo mundo do escritor mais amado e odiado, criativo e polêmico, que teve a vida mais modernista entre todos os modernistas da Semana de 1922, na feliz expressão do jornalista Renato Pompeu, por sua biógrafa Maria Augusta Fonseca, professora de teoria literária da USP (Editora Globo, 2007). 

8/4 – Frutos do exílio carioca na estética de Mário de Andrade – A estética e o “exílio” de Mário de Andrade no Rio de Janeiro, entre 1938 e 1941, com o professor Eduardo Jardim, de Filosofia na PUC-RJ e autor de “Mário de Andrade, a morte do poeta” (2005) e da biografia “Mário – Eu Sou Trezentos” (2015), entre outros livros sobre o modernismo brasileiro.

15/4 – Os intelectuais na década de 1920 – Com Milton Lahuerta, professor da UNESP-Araraquara(SP), autor de “A década de 20 e as origens do Brasil moderno” (Ed. Unesp). 

29/4 – Está tudo nas cartas – Mário de Andrade foi o maior missivista do Brasil no século XX. Escreveu cartas prodigiosamente, fez delas seu jeito de conversar com os amigos mas também com todos os que o procuraram. Com Marcos Antonio de Moraes, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e autor de “Orgulho de jamais aconselhar – a epistolografia de Mário de Andrade” (Edusp, 2007).  

Maio:

6/5 – O grande esquecido – Sérgio Milliet – Com o historiador Carlos Guilherme Mota, professor emérito da USP e Mackenzie, que prepara um livro sobre Milliet.  

13/5 – A força da poesia modernista – Com Manuel da Costa Pinto, jornalista, crítico literário e curador do Prêmio Oceanos.

20/5 – A Semana e as vanguardas latino-americanas na década de 1920 – Viviana Gelado, professora de literatura latino-americana na Universidade Federal Fluminense (UFF), autora de "Poéticas da transgressão: vanguarda e cultura popular nos anos 20 na América Latina".

27/5 – Revolução nas Artes Plásticas: Anita Malfatti, Tarsila e a Semana de 22 – Com Francisco Alambert, professor de História da Arte e Cultura Contemporânea, História (USP) professor de História da Arte e Cultura Contemporânea, História (USP) e autor de "A Semana de 22 - A aventura modernista no Brasil".  

Leia mais em: Por que a música das ruas não esteve na Semana de 22

João Marcos Coelho