Navio-usina Poraquê: conheça a história de uma geradora flutuante

Postado em 12/01/2023
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A Usina Flutuante de Poraquê, originalmente denominada de Seapower, era parte de um conjunto de usinas geradoras flutuantes projetadas para fornecer eletricidade aos EUA na 2ª Guerra Mundial. Poraquê foi construída pela empresa Bethlehem Steel Co. de Pittsburgh, na Pensilvânia, e inaugurada em 1943, no porto do Atlântico Charleston, Carolina do Sul.

Poraquê atuou na cidade de Gand, na Bélgica, por seis meses. Depois foi para Porto Rico e, em seguida, para o Brasil. 

Em 1950, foi enviada ao Rio de Janeiro e ligada ao sistema da Rio Light, ganhando o nome de Piraquê. Em 1954 abasteceu Niterói e, em 1968, a usina flutuante foi comprada pela Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) para fornecer energia para a cidade de Porto Alegre e para a região Nordeste, que assim como Rio e Niterói também enfrentavam problemas com o racionamento de energia. A CEEE vendeu a usina para a Companhia de Eletricidade de Manaus (CEM), sendo levada até a capital amazonense. Lá a usina foi batizada de Poraquê, uma homenagem ao peixe elétrico Poraquê, presente em rios e lagos da região amazônica, que possui órgãos com capacidade de 600 volts de descarga elétrica.

Poraquê demandava uma trabalhosa manutenção, como: trocar suas peças, a utilização de cabos especiais para conectá-la às usinas, a verificação constante de seus tanques de combustível, água e óleo (para evitar a instabilidade do navio) e o calor gerado por suas caldeiras, já que a usina não possuía ventilação por ser projetada para o frio. 

Em 1991, a usina encerrou suas atividades e teve suas peças doadas pela Eletronorte ao município de Cametá, no Pará.

De acordo com a revista Corrente Contínua da Eletrobras: 

“O navio-usina Poraquê tinha 109,10 metros de comprimento por 15,24 metros de largura e deslocamento de 5.500 toneladas. Era preparado para viagens longas: tinha cozinha, frigorífico, camarotes para 28 pessoas e armas de grosso calibre para defesa. O convés era equipado com a usina, cabine de comando, leme, dois cabrestantes na proa e dois na popa, acionados por motores elétricos independentes. Era equipada com um conversor de frequência permitindo que ela operasse tanto em 50Hz quanto em 60Hz, o que facilitava operar em qualquer porto. A unidade geradora era formada por um turbogerador com potência de 25 MW a 50 Hz ou 30 MW a 60 Hz, acionado por uma turbina a vapor, produzido por duas caldeiras movidas a óleo combustível. O navio continha ainda duas caldeiras tipo marítimo, que forneciam 154 toneladas de vapor por hora, a uma temperatura de 488º; tanques para óleo combustível com capacidade para 1.500 toneladas; e outro para armazenar até 300 toneladas de água. A turbina a vapor convertia a energia térmica em energia mecânica, transmitida para o eixo do gerador elétrico. Era uma unidade de fluxo simples, tipo axial, de 19 estágios, que expandia o vapor da pressão monométrica na entrada da turbina até dois condensadores refrigerados a água. Outras partes importantes da usina eram o transformador a vapor, que propiciava a entrega da energia elétrica por meio de um transformador elevador trifásico, mergulhado em óleo com circulação forçada e resfriado a água.”

Você sabia que também pode contribuir com a memória do setor elétrico? Documentos, fotos ou arquivos que contenham a história de alguma usina, pessoas importantes ou acontecimentos históricos da eletricidade podem ser doados à Memória da Eletricidade, instituição que cuida da memória e preservação do setor elétrico.

Caso deseje doar, entre em contato com a Memória da Eletricidade pelo e-mail acervo@memoriadaeletricidade.com.br e seja parte da história do setor elétrico no Brasil.