Diretor-Presidente de Furnas e presidente da Eletrobras
Eliseu Resende nasceu em Oliveira (MG) no dia 7 de fevereiro de 1929. Iniciou carreira profissional no Banco de Crédito Real de Minas Gerais S.A (Credireal), onde foi admitido aos quinze anos como contínuo. Com o apoio da direção do banco, concluiu em 1954 o curso de Engenharia Civil da Universidade de Minas Gerais (UMG), atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Depois de formado, assumiu a chefia do Departamento de Engenharia do Credireal
Em 1957, tornou-se professor da Escola de Engenharia da UMG e do Instituto de Pesquisas Radioativas da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais. Em 1960, viajou aos Estados Unidos, onde fez o mestrado e o doutorado em Ciências Matemáticas, ambos pelo Courant Institute of Mathematical Sciences da Universidade de Nova Iorque. Ali exerceu as funções de pesquisador do mesmo Instituto.
De volta ao Brasil, foi nomeado, em maio de 1964, diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) pelo governador José de Magalhães Pinto, permanecendo à frente do órgão após a eleição do governador Israel Pinheiro da Silva, no pleito de outubro de 1965.
Em março de 1967, no início do governo do general Arthur da Costa e Silva, foi nomeado diretor-geral do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), órgão ligado ao Ministério dos Transportes, cujo titular era o coronel Mário Davi Andreazza. Encerrou sua gestão em março de 1974, ao final do governo do general Emílio Garrastazu Médici. No DNER, foi responsável pela execução das obras da Ponte Rio-Niterói e das rodovias Transamazônica, Belém-Brasília e Rio-Santos, entre outros empreendimentos. Ainda em 1974, ingressou na empresa de mineração Samarco, para a qual projetou e construiu o primeiro mineroduto do país, ligando o quadrilátero ferrífero de Minas Gerais ao porto de Vitória, numa extensão de cerca de quatrocentos quilômetros. Em abril de 1975, foi eleito diretor-presidente da empresa.
Retornou à administração federal em março de 1979, no início do governo João Figueiredo, assumindo o cargo de ministro dos Transportes, em substituição ao general Dirceu Araújo Nogueira. Suas principais realizações no ministério foram a conclusão do trecho inicial dos metrôs do Rio de Janeiro e de São Paulo, a criação do Programa de Mobilização Energética (PME) para o setor de transportes e a concepção do Programa Nacional de Agrovias (PNA). Deixou o ministério em maio de 1982 para disputar as eleições ao governo de Minas Gerais pelo Partido Democrático Social (PDS), sendo substituído na pasta por Cloraldino Soares Severo. No pleito de novembro de 1982, foi derrotado por Tancredo de Almeida Neves, candidato do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).
Entre 1983 e 1989, dedicou-se principalmente a atividades no setor petroquímico exercendo funções de direção e como membro de conselhos de empresas do Polo de Camaçari, na Bahia. Tornou-se também membro dos conselhos de administração da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em 1987, e da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em 1990.
Foi nomeado diretor-presidente de Furnas Centrais Elétricas S.A. em maio de 1990, no início do governo Fernando Collor de Mello, tomando posse no mês seguinte, em substituição a João Camilo Penna. Em 1991, tornou-se membro do Conselho de Administração da Nuclebrás Engenharia S. A. (Nuclen). Assumiu o comando da Centrais Elétricas Brasileiras S.A (Eletrobras) em outubro de 1992, no início do governo Itamar Franco, em substituição ao engenheiro José Maria Siqueira de Barros, sendo substituído na presidência de Furnas pelo engenheiro Marcelo Lignani Siqueira.
Durante sua curta permanência na Eletrobras, teve participação destacada no processo de elaboração e aprovação da Lei nº 8.631, sancionada pelo presidente Itamar Franco em 4 de março de 1993. Marco inicial da reformulação do quadro institucional do setor de energia elétrica, a Lei nº 8.631 determinou a extinção do serviço pelo custo com remuneração garantida, o fim da equalização tarifária e da Conta de Resultados a Compensar (CRC), bem como a obrigatoriedade da celebração de contratos entre concessionárias supridoras e distribuidoras. Tendo em vista o restabelecimento da adimplência entre as empresas estatais de energia elétrica, a lei reconheceu os saldos credores da CRC para quitação de dívidas intra-setoriais relativas ao suprimento de energia e à Reserva Global de Reversão (RGR) e de dívidas das empresas com a União e a Eletrobras.
Designado pelo presidente Itamar Franco para assumir o lugar de Paulo Roberto Haddad no Ministério da Fazenda, deixou a Eletrobras em março de 1993, tendo sido substituído por José Luiz Alquéres. Durante seu período de permanência na holding federal, presidiu o Conselho de Administração da Centrais Elétricas do Norte do Brasil S. A. (Eletronorte). Exerceu o cargo de ministro da Fazenda durante apenas dois meses. Em maio de 1993, pediu exoneração em razão da crise provocada por denúncias que envolviam seu nome em processo de favorecimento à construtora Norberto Odebrecht, expondo as razões de sua renúncia em carta dirigida ao presidente da República. Foi sucedido na pasta por Fernando Henrique Cardoso.
No pleito de outubro de 1994, foi eleito deputado federal por Minas Gerais na legenda do Partido da Frente Liberal (PFL), assumindo uma cadeira na Câmara em fevereiro do ano seguinte. Em seu primeiro mandato como deputado federal, presidiu as comissões de Minas e Energia e de Finanças e Tributação da Câmara, bem como a Comissão Especial da Reforma Tributária. Teve atuação destacada como relator do projeto de lei de criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). Aprovado pelo Congresso, o projeto também propunha a flexibilização do monopólio do petróleo, dando origem à Lei nº 9.478, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 6 de agosto de 1997.
Reeleito deputado federal pelo PFL mineiro em outubro de 1998, iniciou novo mandato em fevereiro do ano seguinte. Atuou como relator dos projetos de lei que resultaram na criação da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, em julho de 2000, e na reestruturação do setor federal de transportes com a criação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em julho de 2001. Em outubro de 2002, foi reeleito deputado federal na legenda do PFL mineiro. Cumpriu o novo mandato a partir de fevereiro do ano seguinte, exercendo ao mesmo tempo o cargo de presidente do diretório regional do PFL-MG.
Em outubro de 2006, foi eleito senador por Minas Gerais. Assumiu o mandato em fevereiro de 2007, tornando-se vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e membro das comissões de Infra-estrutura, Direitos Humanos e Legislação Participativa e Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle. Também participou da convenção nacional do PFL que aprovou a mudança de designação da legenda para Democratas (DEM) em março de 2007.
Publicou diversos trabalhos em revistas especializadas norte-americanas e nos anais da Academia Brasileira de Ciências, destacando-se Propagation, reflexion and diffraction of elastic waves (1964); Solution of an inicial-boundary value problem for wave equation (1964); Aspectos técnicos e econômicos da implantação de rodovias (1966); Papel da rodovia no desenvolvimento da Amazônia (1969); Transporte e produção (1977); The world crisis an transportation in Brazil (1983); Teoria matemática da elasticidade aplicada ao dimensionamento de pavimentos (s.d.); Investimentos rodoviários e sua contribuição à economia (s.d.); Investimentos rodoviários: considerações sobre a atual experiência brasileira (s.d.); Evolução dos transportes em Minas Gerais (s.d.); Estudo sobre localizações industriais com aplicação à siderurgia no Brasil (s.d.); Econometria dos transportes (s.d.); A política nacional de energia e a nova lei do monopólio do petróleo (1997), A conjuntura econômica e seus desdobramentos (1999), A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (2000); Transporte no Brasil - nova estrutura administrativa - novo modelo de financiamento (2001).
BIOGRAFIA ATUALIZADA POR PAULO BRANDI NO ANO DE 2008
Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
Cargo: Presidente da Eletrobras
Início: 1992
Término: 1993
Furnas Elétricas Brasileiras S.A.
Cargo: Diretor-Presidente de Furnas
Início: 1990
Término: 1992
- Curso: Doutorado em Ciências Matemáticas, pela Courant Institute of Mathematical Sciences, Nova York-EUA, em 1963
- Curso: Mestrado em Ciências Matemáticas, pela Courant Institute of Mathematical Sciences, Nova York-EUA, em 1961
- Curso: Engenharia Civil, pela Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, em1954
Mandato: 10/1992 – 03/1993
Engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com mestrado e doutorado pela Universidade de Nova York, Eliseu Resende seguiu uma carreira profissional de destaque no setor público, tanto na área de transportes quanto na de energia elétrica. Fundou o Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR) da UFMG, dirigiu o Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) e o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). Também foi ministro dos Transportes entre 1979 e 1985.
Em 1990, assumiu a presidência de Furnas. Dois anos depois, comandou a Eletrobras e simultaneamente o Centro da Memória da Eletricidade no Brasil. Sua gestão à frente da holding federal teve como ponto alto a participação no processo de elaboração da lei que determinou o fim da equalização tarifária e possibilitou o restabelecimento da adimplência entre as empresas estatais de energia elétrica.
Um dos legados de Eliseu Resende como presidente da Memória da Eletricidade foi a publicação do livro "Octavio Marcondes Ferraz: Um Pioneiro da Engenharia Nacional", além das exposições "Chesf, 45 anos" e "Eletrosul, 25 anos". Em 1993, deixou o cargo de presidente da Eletrobras para assumir o Ministério da Fazenda.