Licínio Marcelo Seabra formou-se em Engenharia Mecânica e Elétrica pelo Instituto Eletrotécnico de Itajubá, atual Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em 1948. 

Iniciou sua carreira na Servix, em 1949, como engenheiro da Acesita. Entre 1949 e 1952, supervisionou e chefiou o projeto, a construção e a entrada em operação da Usina de Sá Carvalho.

Ainda em 1952, ingressou na ainda Centrais Elétricas de Minas Gerais, depois denominada Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig. Na Diretoria de Operações da Cemig, foi Assistente e Chefe do Departamento de Produção e Transmissão e chefe da Divisão de Despacho de Carga e do Departamento de Engenharia.

Assumiu interinamente a Diretoria de Operações em 1964, sendo eleito diretor de Operações em março de 1966. De 1965 a 1969, foi diretor-tesoureiro do Sindicato das Indústrias de Energia Hidro e Termo Elétrica do Estado de Minas Gerais e, de 1968 a 1974, diretor da Ermig. Assumiu como interino a Segunda Vice-Presidência da Cemig em 1972, sendo efetivado no cargo em 1975. Exerceu interinamente a Presidência da empresa de 24 de fevereiro a 4 de março e de 24 de maio a 5 de junho de 1975. No mesmo ano, foi eleito diretor-tesoureiro do Sindicato das Indústrias de Energia Hidro e Termo Elétrica do Estado de Minas Gerais, permanecendo no cargo até 1978.

Foi diretor de Planejamento e Engenharia Eletrobras, função que assumiu em 1976, no lugar de Leo Amaral Penna, tendo sido sucedido neste cargo por José Gelázio da Rocha em fevereiro de 1978.

Na ocasião, foi indicado para a Presidência de Furnas, cargo no qual sucedeu a Luiz Cláudio de Almeida Magalhães. Licínio Marcelo Seabra assumiu a direção de Furnas numa conjuntura bastante desfavorável. Com o aumento do preço do petróleo no mercado externo e as dificuldades para a obtenção de novos financiamentos, o país vinha sendo obrigado a racionalizar os investimentos na área de energia. No setor elétrico, a prioridade passou a ser a construção da Usina Hidrelétrica Itaipu, empreendimento para o qual deveria ser canalizada a maioria dos recursos disponíveis. Além disso, Furnas vivia uma época de intensa mobilização sindical, com constantes reivindicações dos trabalhadores pela reposição das perdas salariais causadas pela recessão.

Licínio Marcelo Seabra teve grandes dificuldades para implementar os programas desenvolvidos na empresa. Apesar disso, sua gestão foi responsável pela concretização de importantes projetos, destacando-se a inauguração da Usina Hidrelétrica Itumbiara, com 2.100 MW de potência instalada, em 1981, e da Usina Termonuclear Angra I, em 1985, esta última com 656 MW de capacidade total. No setor de transmissão, sua principal realização foi o término da primeira etapa das obras do Sistema de Itaipu, o maior da América Latina. Concluída em setembro de 1984, esta fase envolveu a energização do primeiro circuito de 750 kV da América do Sul, ligando Ivaiporã, no Paraná a Tijuco Preto, em São Paulo. Em consonância com as diretrizes econômicas do governo, foram adotadas em sua gestão várias medidas administrativas visando a racionalização e contenção dos gastos da empresa. Entre outras modificações, foi criada em 1982 a Diretoria de Produção Termonuclear, que reuniu os órgãos de apoio técnico e de operação ligados a esse setor. Licínio Marcelo Seabra deixou a Presidência de Furnas em março de 1985, sendo sucedido por João Camilo Penna.

Assumiu depois a Presidência da Nuclebrás Engenharia S.A (Nuclen). Tornou-se membro da Conseil International des Grands Réseaux Électriques (Cigré) e do Comitê Brasileiro de Grandes Barragens - CBGB.

Seabra realizou várias viagens ao exterior para contatos e negociações com entidades e empresas estrangeiras. Em destaque: viagem ao Japão na Missão Econômica do Governo do Estado de Minas Gerais para realizar contatos com entidades governamentais e empresas industriais. Viagem aos Estados Unidos para realizar contatos na Tenessee Valley Authority e outras concessionárias de serviços de energia elétrica nas áreas de administração empresarial e de formação e treinamento de pessoal; no Banco Mundial licitações e contratos de financiamento internacional. Viagem a Europa para participações em seminários internacionais sobre sistemas elétricos; visitas técnicas à EDF e instalações de geração de energia núcleo-elétrica; como membro da comitiva do Exmo. Presidente da República à República Federal da Alemanha; missão de negociações com entidades financeiras e empresas fabricantes de equipamentos para as usinas de Itaparica e Tucuruí.

Participou em Associações Técnicas e Profissionais. Foi membro honorário do Instituto do Direito da Eletricidade da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Membro da Sociedade Mineira de Engenheiros; do Clube de Engenharia, Rio de Janeiro; da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas; do Comitê Brasileiro de Grandes Barragens; da Seção Brasileira da CIGRÉ; da Seção Latino Americana da ANS; da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT;

E foi Consultor-Sócio-Individual na Associação Brasileira de Consultores de Engenharia - ABCE.

Licínio Marcelo Seabra faleceu no Rio de Janeiro , RJ em 4 de agosto de 2000.

Fontes: Acervo Memória da Eletricidade

Imagem: Foto: Autor desconhecido/Acervo Memória da Eletricidade.