Firmino Ferreira Sampaio Neto nasceu em Piritiba, Bahia no dia 14 de maio de 1946. Formou-se em Economia em 1969 pela Universidade Federal da Bahia. Após um breve período como assessor da diretoria da Camas União S.A., iniciou carreira na administração pública baiana em março de 1971. Técnico da secretaria estadual de Indústria e Comércio, coordenou diversos trabalhos nas áreas de planejamento de polos industriais e promoção de investimentos no decorrer do primeiro mandato do governador Antônio Carlos Magalhães. Em 1973, concluiu pós-graduação em Planejamento Industrial na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 1975, no início da administração do governador Roberto Figueira Santos, passou a trabalhar na secretaria estadual de Minas e Energia. Atuou como chefe do Grupo de Economia Mineral e coordenador-adjunto da Coordenação da Produção Mineral, sendo designado chefe de gabinete da secretaria de Minas e Energia em janeiro de 1980, já no segundo mandato do governador Antônio Carlos Magalhães.
Exerceu esse último cargo durante quatro anos, destacando-se nesse período como um dos principais colaboradores do secretário Paulo Ganen Souto. Em março de 1985, foi nomeado diretor econômico-financeiro da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), exercendo essa função até março de 1987, quando foi designado administrador regional da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) para os estados da Bahia e Sergipe. Deixou a Chesf em novembro de 1987 para trabalhar na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) como chefe de gabinete do superintendente Paulo Souto. Em janeiro de 1990, voltou a ocupar o cargo de diretor econômico-financeiro da Coelba, assumindo a presidência da concessionária pública estadual em julho de 1994 em substituição a José Luiz Pérez Garrido. Na mesma época, a Coelba tornou-se companhia aberta, obtendo registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para negociação de seus títulos no mercado de bolsa de valores.
Em maio de 1996, assumiu o comando da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras), por designação do presidente Fernando Henrique Cardoso. Sucessor do engenheiro Antônio José Imbassahy da Silva, participou ativamente do processo de reestruturação e privatização do setor de energia elétrica ao longo do período de quase cinco anos em que permaneceu à frente da holding federal. No período em que ocupou a presidência da Eletrobrás, o Ministério de Minas e Energia (MME) foi chefiado sucessivamente por Raimundo Mendes de Brito (titular da pasta no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso), Rodolpho Tourinho Neto (nomeado em janeiro de 1999) e José Jorge de Vasconcelos Limas (nomeado em março de 2001, pouco antes de sua saída do cargo). Um dos primeiros atos de Firmino Sampaio como presidente da Eletrobrás foi a contratação do consórcio de consultores escolhido pelo MME para auxiliar o governo federal na elaboração do novo marco regulatório do setor de energia elétrica.
Contratado em julho de 1996, o consórcio liderado pela firma inglesa Coopers & Lybrand trabalhou em estreita articulação com técnicos da Eletrobrás e de outras empresas e entidades do setor que participaram do chamado projeto de Reestruturação do Setor Elétrico (RE-SEB). As recomendações do consórcio balizaram grande parte da reforma setorial empreendida pelo governo Fernando Henrique Cardoso. Além da privatização de numerosas concessionárias e da reestruturação do grupo Eletrobras, a reforma resultou na perda de funções exercidas pela holding federal nas áreas de planejamento da expansão e da operação dos sistemas elétricos por intermédio do Grupo Coordenador de Planejamento de Sistemas Elétricos (GCPS) e do Grupo Coordenador para Operação Interligada (GCOI).
Em 1997, o governo iniciou o processo de reestruturação do grupo Eletrobrás com o objetivo de permitir a venda dos ativos de geração das quatro empresas de âmbito regional controladas pela holding federal. A transferência dos ativos de geração nuclear de Furnas Centrais Elétricas para uma nova empresa estatal obedeceu a esse propósito, tendo em conta o monopólio constitucional da União sobre as atividades nucleares. Em agosto de 1997, a Eletrobras Termonuclear (Eletronuclear) foi constituída como subsidiária da Eletrobrás como resultado da cisão do segmento nuclear de Furnas e sua fusão com a Nuclebrás Engenharia (Nuclen). Em novembro, a Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul) foi transformada numa empresa exclusivamente de transmissão com a transferência de suas usinas para a Centrais Geradoras do Sul do Brasil (Gerasul).
Em dezembro, a Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) foi cindida com a criação das empresas subsidiárias Manaus Energia e Boa Vista Energia. Na fase inicial dos estudos do projeto RE-SEB, a Eletrobrás também assumiu importante papel nos programas de privatização de concessionárias públicas estaduais de energia elétrica. A partir de 1996, diversas empresas passaram ao regime de gestão compartilhada com a holding federal, tendo em vista a viabilização de seus respectivos processos de privatização. Contratos de gestão compartilhada foram firmados com a Empresa Energética do Mato Grosso do Sul (Enersul), a Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat), a Empresa Energética de Sergipe (Energipe), a Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), a Centrais Elétrica do Pará (Celpa), a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), a Companhia Energética do Maranhão (Cemar) e a Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (Saelpa), privatizadas entre 1997 e 2000. Nesse mesmo período, a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), a Companhia Energética do Piauí (Cepisa), a Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) a Companhia de Eletricidade do Acre (Eletroacre) e a Companhia Energética do Amazonas (Ceam) foram incorporadas pela Eletrobrás, passando a integrar o grupo das chamadas empresas federalizadas.
Em maio de 1998, a Lei nº 9.648 definiu os contornos do novo marco regulatório setorial, instituindo o Mercado Atacadista de Energia (MAE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A mesma lei determinou a extinção do GCOI e a transferência dos centros de operação da Eletrobrás e suas controladas para o ONS. Em maio do ano seguinte, o MME determinou a extinção do GCPS e a criação em seu lugar do Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão (CCPE). A privatização da primeira geradora de grande porte do país ocorreu em setembro de 1998 com o leilão de venda da Gerasul. Constituída a partir do desmembramento dos ativos de geração da Eletrosul, composto por seis usinas com cerca de 3.700 MW de capacidade instalada e empreendimentos em fase de construção, a Gerasul foi adquirida pela multinacional belga Tractebel. Mais tarde, a empresa assumiria a marca da nova controladora, alterando sua denominação para Tractebel Energia. Diversas obras importantes nos segmentos de geração e transmissão foram concluídas ou iniciadas pelas empresas do grupo Eletrobrás durante a gestão de Firmino Sampaio à frente da holding federal.
Em 1997, a Chesf completou a instalação das seis unidades geradoras da usina de Xingó. Em parceria com o capital privado, Furnas levou a cabo o aproveitamento hidrelétrico de Serra da Mesa em 1998. Nesse mesmo ano, a Eletronorte iniciou as obras da segunda etapa da usina de Tucuruí, visando à duplicação da potência instalada da hidrelétrica. A Eletronuclear colocou em operação a usina nuclear de Angra 2 em 2000. Além disso, a Eletrobrás aportou recursos para as hidrelétricas de Lajeado, Itá, Machadinho, Cana Brava e outros empreendimentos de geração a cargo do capital privado. Também merece destaque a entrada em operação comercial da primeira etapa da Interligação Norte-Sul em 1999. Implantada pela Eletronorte e por Furnas sob a coordenação da Eletrobrás, a obra estabeleceu a interconexão entre os dois grandes sistemas interligados do país, o Norte-Nordeste e o Sul-Sudeste, mediante a construção de cinco subestações e de quase 1.300 quilômetros de linhas de 500 kV entre Imperatriz (MA) e Samambaia (DF) a um custo de quase um bilhão de dólares.
Na área internacional, a Eletrobras participou da celebração de acordos de integração energética com a Argentina, o Uruguai e a Venezuela. O acordo com a Argentina previu a importação de gás natural para o abastecimento da termelétrica de Uruguaiana (RS) e o fornecimento de 1.000 MW de potência firme ao sistema elétrico brasileiro, mediante a implantação da conversora de freqüência de Garabi e de sistema de transmissão de 500 kV entre a subestações de Rincón, no lado argentino, e de Santo Ângelo e Itá, no lado brasileiro. O acordo com o Uruguai previu a construção da estação conversora de freqüência de Rivera para o intercâmbio de energia entre os sistemas elétricos brasileiro e uruguaio. O acordo com a Venezuela assegurou o fornecimento de 200 MW de energia firme do complexo hidrelétrico de Guri/Macágua para atendimento da cidade de Boa Vista, capital de Roraima. Em julho de 1998, Firmino Sampaio foi eleito presidente do Comitê Brasileiro do Conselho Mundial de Energia (CBCME). Cumpriu apenas o primeiro ano de seu mandato, sendo substituído pelo engenheiro Norberto Franco Medeiros.
Membro do Comitê de Acompanhamento da Expansão Termelétrica (CAET), criado pelo ministro Rodolpho Tourinho em outubro de 1999, participou da elaboração do Programa Prioritário de Termelétricas (PPT), instituído governo federal em fevereiro de 2000, em decorrência do aumento do risco de déficit de energia no sistema elétrico brasileiro. Além da instalação de dezenas de termelétricas em vários estados do país, o PPT previu a recuperação e a conversão para gás natural das usinas de Santa Cruz (Furnas), Camaçari e Bongi (Chesf). Autorizada a atuar como comercializadora de energia no âmbito do MAE, a Eletrobrás buscou celebrar contratos de compra antecipada de energia com investidores em geração térmica, denominados Power Purchase Agreement (PPA). A par dessas medidas emergenciais, a empresa foi convocada a prestar apoio técnico e econômico ao Programa Nacional de Eletrificação Rural Luz no Campo, criado em dezembro de 1999.
Firmino Sampaio assumiu cumulativamente a presidência da Eletronuclear em agosto de 2000, em substituição ao engenheiro Ronaldo Arthur Cruz Fabrício. Deixou o comando da Eletrobrás e da Eletronuclear em abril de 2001, dois meses depois da exoneração do ministro Rodolpho Tourinho e do rompimento do senador Antônio Carlos Magalhães com o governo federal. Foi substituído na presidência da Eletrobrás pelo engenheiro Cláudio Ávila da Silva e na presidência da Eletronuclear pelo engenheiro Flávio Decat de Moura. Na mesma ocasião, deixou os conselhos de administração da Eletrobrás, Chesf, Furnas e Eletronuclear. Em abril de 2004, foi eleito membro do Conselho de Administração da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), por ocasião da venda da empresa para a SVM Participações e Empreendimentos, pertencente ao grupo nacional GP Investimentos.
A transação resultou de longo processo de negociação com a empresa norte-americana Pennsylvania Power and Light (PPL), vencedora do leilão de privatização da Cemar em junho de 2000. A troca de comando marcou o fim de quase dois anos de intervenção administrativa da Aneel na distribuidora maranhense, resultante de pedido de concordata da empresa. Em setembro de 2005, também passou a integrar o Conselho de Administração da Companhia Energética de Goiás (Celg), por indicação do governador goiano Marconi Perillo, exercendo essa função por curto período. Em março de 2006, assumiu a presidência da Equatorial Energia, nova holding controladora da Cemar. Permaneceu no cargo após a venda da participação da GP Investimentos na Equatorial Energia para o Banco Pactual em novembro de 2007.
Na Equatorial Energia foi Diretor-Presidente e Presidente do Conselho de Administração até 2020, quando deixou a Equatorial para assumir a Presidência do Conselho Administrativo da Light.
Fontes: Acervo Memória da Eletricidade ; Petronotícias. Disponível em: https://petronoticias.com.br/nonato-castro-e-eleito-novo-presidente-da-light/ ; Petronotícias. Disponível em: https://petronoticias.com.br/equatorial-energia-vai-adquirir-a-celpa-por-um-real/ ; Light. Disponível em: http://ri.light.com.br/governanca/administracao/ ; Canal Energia. Disponível em: https://canalenergia.com.br/noticias/53146130/firmino-sampaio-renuncia-ao-conselho-da-equatorial-e-e-indicado-para-light ; Linkedin. Disponível em: https://www.linkedin.com/in/firmino-sampaio-1180a442/?trk=public_profile_samename-profile&originalSubdomain=br
Imagem: Foto: Autor desconhecido. Petronotícias. Disponível em: https://petronoticias.com.br/equatorial-energia-vai-adquirir-a-celpa-por-um-real/
- 1984 - 1987 - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - Coelba - Diretor Econômico-Financeiro.
- 1990 - 1994 - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - Coelba - Diretor Econômico-Financeiro.
- 1994 - 1996 - Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - Coelba - Diretor-Presidente.
- 1996 - 2001 - Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobras - Presidente.
- 1998 - 2001 - Comitê Brasileiro do Conselho Mundial de Energia - Presidente.
- 2000 - 2001 - Eletrobras Termonuclear - Eletronuclear - Diretor-Presidente.
- 2001 - 2007 - GP Investments, Ltd - Consultor.
- 2012 - 2020 - Equatorial Energia - Presidente.
Participação em Conselhos
- 2004 - 2010 - Companhia Energética do Maranhão - Cemar - Conselho Administrativo - Membro e Presidente.
- 2004 - 2020 - Equatorial Energia - Conselho Administrativo - Membro e Presidente
- 2012 - 2020 - Centrais Elétricas do Pará - Celpa - Conselho de Administração - Presidente.
- 2020 - 2021 - Light - Conselho de Administração - Presidente.
- 2021 - a atualmente - Light - Conselho de Administração - Presidente (com término de mandato previsto para agosto de 2023).
- 1969 - Universidade Federal da Bahia - Economia.
Biografia atualizada por Paulo Brandi no ano de 2008.