A musealização de objetos de Ciência e Tecnologia

15/05/2020

No mundo contemporâneo a ciência e a tecnologia desempenham papel central em todos os setores de nossa sociedade, permitindo ao homem uma interferência no mundo em que vivemos sem precedentes em nossa história. O transporte, as comunicações, a saúde, a energia e inúmeros outros setores foram profundamente transformados por este desenvolvimento.

Nesse processo, o homem produziu um expressivo conjunto de artefatos, relacionado às mais diferentes áreas do conhecimento, que testemunharam a nossa forma de viver e gerar conhecimento. Muitos destes artefatos, ao se tornarem obsoletos foram descartados, pois não possuíam mais função utilitária, sendo substituídos por tecnologias mais modernas. O acelerado descarte gerou grande preocupação em diversos profissionais relacionados ao campo dos museus e do patrimônio que identificam nesses itens indícios da trajetória humana sobre o seu território. Assim, os museus passam a formar coleções de ciência e tecnologia que são elevadas à categoria de patrimônio da ciência e tecnologia.

No Brasil este fenômeno ocorre no século XX tendo como um de seus principais marcos institucionais a criação do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e o tombamento de suas coleções e de seu conjunto arquitetônico. Na organização de suas coleções e na coleta de novos objetos, o MAST desenvolveu e aplica uma metodologia de documentação e musealização, especificas para objetos de ciência e tecnologia, que serve de modelos para diferentes instituições brasileiras. 

Denominamos musealização o procedimento de identificação, atribuição de valor, coleta, documentação e exposição do objeto selecionado. Tal procedimento é utilizado nos museus que possuem coleções, incluindo as coleções de C&T. O desafio para a ciência e tecnologia era a atribuição de valor a artefatos que não estavam inseridos nos cânones tradicionais das artes, história ou ciências naturais. 

Já avançamos muito na musealização e preservação do acervo de ciência e tecnologia. Seminários como o de Preservação de Memória no Setor de Energia Elétrica – Preserva.ME e o Seminário Internacional da Cultura Material e Patrimônio da Ciência e Tecnologia entre outros, indicam os avanços e o amadurecimento da área. Consideramos ainda estratégico a elaboração de políticas públicas culturais específicas para o campo da ciência e tecnologia, evitando assim que parte considerável do que denominaríamos de patrimônio da ciência e tecnologia seja perdido.