Hidrelétrica de Furnas: A Força Energética que Transformou o Brasil

Conheça mais sobre a história desta pioneira no setor elétrico brasileiro
19/09/2024

A Usina Hidrelétrica de Furnas, localizada no rio Grande, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais, foi a primeira grande obra de Furnas Centrais Elétricas S.A., marcando um divisor de águas na história do setor elétrico brasileiro. Construída na década de 1950, em um período de intenso crescimento econômico e aumento da demanda por energia, a usina tornou-se um pilar do desenvolvimento industrial e social do país.

A concepção da usina foi idealizada no contexto do governo de Juscelino Kubitschek, que tinha como meta implementar o Plano de Metas, um ambicioso projeto de modernização que incluía o setor de energia como uma de suas prioridades. Sob a liderança de técnicos e engeniros visionários, o projeto ganhou forma e foi confiado a Furnas Centrais Elétricas, criada em 1957 para executar essa importante missão. Entre os nomes de destaque nesse processo estava o então Ministro de Minas e Energia, Lucas Lopes, que articulou a estruturação da empresa e viabilizou a construção da usina.

As obras começaram em 1958 e foram um desafio técnico e logístico para a época. A barragem, com 127 metros de altura e 550 metros de extensão, formou um dos maiores reservatórios do Brasil, cobrindo cerca de 1.440 km² e afetando 34 municípios. Essa infraestrutura foi crucial não apenas para a geração de energia elétrica em larga escala, mas também para a transformação econômica da região, promovendo o desenvolvimento de áreas anteriormente isoladas.

A usina foi inaugurada oficialmente em 1963, com uma capacidade instalada inicial de 1.216 MW, tornando-se a maior geradora de energia elétrica do país na época. A eletricidade produzida por Furnas foi essencial para atender ao crescimento acelerado das indústrias no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, além de beneficiar milhares de famílias que passaram a ter acesso à energia elétrica.

Além de sua relevância técnica, Furnas tornou-se um símbolo de visão estratégica e inovação no planejamento energético do Brasil. A criação e operação da usina representaram o início de uma nova era, que viria a ser marcada pela integração do Sistema Interligado Nacional e pela consolidação da matriz energética brasileira. Hoje, a Usina de Furnas permanece como um exemplo de infraestrutura pioneira e uma referência histórica no setor elétrico.

Dados Técnicos Atuais da Usina de Furnas

A Usina Hidrelétrica de Furnas possui uma capacidade instalada de 1.216 MW, operando com 8 unidades geradoras de 152 MW cada. O reservatório da usina apresenta as seguintes características:

- Nível normal de operação: 768 metros

- Nível de máxima cheia: 769,30 metros

- Nível mínimo de operação: 750 metros

- Área inundada: 1.440 km²

- Volume total do reservatório: 22,95 bilhões de m³

- Volume útil: 17,217 bilhões de m³

A barragem da usina é do tipo gravidade, construída em concreto, com 127 metros de altura e 550 metros de comprimento. As unidades geradoras utilizam turbinas do tipo Francis, adequadas para grandes variações de carga e quedas d'água significativas, características presentes no rio Grande.

Usina de Furnas hoje

Em janeiro de 2023, o reservatório da Usina de Furnas atingiu 100% de seu volume útil, fato que não ocorria há 12 anos. Essa recuperação hídrica foi fundamental para garantir a segurança energética da região Sudeste, permitindo que a usina operasse próxima de sua capacidade máxima e contribuísse significativamente para o Sistema Interligado Nacional.

A operação da usina é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que define os despachos de geração conforme a demanda energética do país e as condições hidrológicas. A Usina de Furnas continua desempenhando um papel estratégico na matriz energética brasileira, fornecendo energia limpa e renovável para milhões de pessoas e indústrias.