Enedina Alves Marques - A primeira mulher negra na engenharia
Em janeiro de 1913 nascia a engenheira curitibana Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil.
Enedina foi uma exceção à sua época. De acordo com o historiador Sandro Fernandes, em live para a Memória da Eletricidade, Enedina teve seus estudos financiados por Domingos Nascimento, patrão de sua mãe, em razão de proporcionar companhia à filha dele, Isabel, sendo alfabetizada na Escola Particular da Professora Luiza (1925) e, mais tarde, se tornando normalista pela Escola Normal Secundária (1926 a 1931).
Enedina iniciou sua trajetória como professora normalista, lecionando em escolas em São Mateus do Sul e em Cerro Azul, no Paraná e, depois disso, ingressou na engenharia. Ainda de acordo com o historiador, antes de ingressar na universidade, Enedina passou pelo Curso de Madureza de 3 anos no Gymnásio Novo - Atheneu (1935-1937) e pelo Curso Complementar Pré-Engenharia no Ginásio Paranaense (1938-1939).
Numa época em que não havia ensino público, a futura engenheira conciliou seus estudos com o trabalho para a família Caron (à época residente próxima à Universidade Federal do Paraná), com quem morou por 19 anos. Acolhida pela família, Enedina cuidava da filha do casal, Eleny Heibel Goncho.
Ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná em 1940 e formou-se engenheira civil em 1945. Nesse mesmo período também atuou como professora normalista na antiga Linha de Tiro-Capital no bairro Juvevê (1943/44).
Segundo o portal G1, a engenheira participou da construção da Usina Hidrelétrica Capivari-Cachoeira, atual Usina Hidrelétrica Governador Pedro Viriato Parigot de Souza, de 260 MW de potência (a maior do sul do Brasil). Colaborou na construção de pontes, no levantamento de rios e no levantamento topográfico da usina.
Além desse projeto, de acordo com o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná: “No início de sua carreira foi do quadro de funcionários da Secretaria de Viação e Obras Públicas, onde atuou como auxiliar de engenharia, engenheira fiscal de obras do estado do Paraná; foi chefe da seção de hidráulica; chefe da divisão de estatísticas do serviço de engenharia e chefe do serviço de engenharia da Secretaria de Educação e Cultura.”
Enedina também participou do projeto de construção do Colégio Estadual do Paraná e da Casa do Estudante Universitário de Curitiba e teve seus esforços reconhecidos em vida. Teve seu nome no Livro do Mérito do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, nomeou rodovia na PR-340, uma rua no bairro Cajuru, em Curitiba, também nomeou CMEIs em Curitiba e Pinhais, ganhou placa comemorativa na praça Santos de Andrade, em 1988, pela Câmara Municipal de Curitiba, nomeou o prédio de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, o Laboratório da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, teve inscrição de bronze no Memorial da Mulher Pioneira do Paraná, na Praça Soroptimismo Internacional, batizou o Instituto de Mulheres Negras de Maringá, foi tema de monografia do bacharelado em História feita por Jorge Luis Santana, recebeu homenagem do Google no ano do seu 109º aniversário e possui projeto de estátua no Centro de Curitiba, a ser implantada pela Prefeitura, em parceria com o Centro Universitário Internacional Uninter.
Enedina faleceu em agosto de 1981, com 68 anos.