A compra da Amforp

03/08/2022

Foto acima (arquivo pessoal do engenheiro Octávio Marcondes Ferraz) – da esquerda para a direita, sentados: João Castro Vianna (representante do Tesouro Brasileiro, como fiador da operação), Ronaldo Moreira da Rocha (diretor da Eletrobras), Octávio Marcondes Ferraz (presidente da Eletrobras), Juracy Magalhães (ministro das Relações Exteriores)

A American Foreign and Power (Amforp) foi fundada em 1923, como subsidiária da Electric Bond & Share (esta criada em 1905), empresa responsável pela concessão de serviços públicos de eletricidade nos Estados Unidos. Ambas, Amforp e Electric Bond, eram ligadas à General Electric, grande fabricante de equipamentos elétricos, e tiveram papel importante no projeto de expansionismo econômico estadunidense, promovido a partir de meados dos anos 1910 e intensificado na década seguinte. América Latina e Caribe eram alguns dos mercados mais visados pelo governo dos EUA. É neste contexto que, em 1927, a Amforp inicia as suas operações no Brasil.

Com uma população de mais de 30 milhões de habitantes em fins da década de 1920, o Brasil era o principal mercado latino-americano para a Amforp. Em 1929, apenas dois anos depois do início das operações, 3,8 milhões de habitantes já eram atendidos pela concessionária, que levava energia a 260 cidades. Em 1930, a Amforp e a canadense Light and Power eram responsáveis por 70% da produção de energia elétrica no país. Apesar dos números expressivos, a empresa estadunidense enfrentava dificuldades no mercado brasileiro: a crise econômica e algumas leis protecionistas que limitavam sua atuação. Com a promulgação do Código de Águas, em 1934, as dificuldades aumentaram. Ainda assim, o mercado brasileiro se mostrava atraente com potencial de crescimento.

Compra pela Eletrobras

No período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, a operação se mostrou mais lucrativa, a despeito da criação de estatais de energia em várias unidades da Federação. Até que, em 1959, Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, decide encampar a Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense, subsidiária da Amforp. Com o golpe militar de 1964, a empresa americana acabaria passando para o controle da Eletrobras.

Destaque do Acervo da Memória da Eletricidade, a série de imagens que registra o momento da assinatura do contrato de compra da Amforp, é um documento importante da história do setor elétrico brasileiro.