Organizações do Setor
Cemig
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Nome
Cemig
Centrais Elétricas de Minas Gerais
Companhia Energética de Minas Gerais
Data
22/05/1952
Tipo de organização
Concessionária de energia elétrica
Verbete

A Centrais Elétricas de Minas Gerais – Cemig foi criada em 22 de maio de 1952, pelo governador Juscelino Kubitschek e tinha por objetivo construir e explorar diretamente sistemas de produção, transmissão e distribuição de energia elétrica, auxiliando na criação, na administração, no controle e no financiamento de sociedades de economia mista regionais que tivessem aquelas mesmas finalidades.

Estavam previstas a transferência para a empresa holding estadual das ações de propriedade do governo das quatro companhias de economia mista já existentes e a incorporação da usina do Gafanhoto ao seu patrimônio. Em virtude da destas incorporações, a Cemig passa da condição de companhia holding à de empresa integrada. 

Com a criação da Cemig, alguns projetos hidrelétricos em andamento foram agilizados e novos projetos foram elaborados, visando a ampliar a capacidade instalada de Minas Gerais ao longo da década de 1950. O programa de geração inicialmente desenvolvido pela Cemig e suas subsidiárias compreendeu a construção de seis hidrelétricas, nomeadamente, as usinas de Itutinga e Camargos, Salto Grande, Piau, Tronqueiras e Cajuru. As usinas de Itutinga, Piau e Tronqueiras foram inauguradas em 1955. No ano seguinte, foi a vez de Salto Grande (oficialmente denominada Américo René Gianetti). As usinas de Cajuru e Camargos começaram a gerar energia em 1959 e 1960, respectivamente.

A grande obra da fase inicial da companhia foi a usina hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco. Dada a importância do reservatório para a regularização do São Francisco e suas consequências para Paulo Afonso, foi decidida a assinatura de um convênio entre a empresa, o governo de Minas Gerais e a Comissão do Vale do São Francisco (atual Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - Codevasf), que, juntos, arcariam com as despesas. A barragem de Três Marias ficou pronta em 1959, sendo a quarta estrutura de terra do mundo na época. Em julho de 1962, as duas primeiras unidades da usina entraram em operação, ampliando em 129.200 kW a capacidade geradora da Cemig. Além de ter regularizado a vazão do rio São Francisco, beneficiando a região Nordeste, Três Marias criou condições para um ponderável aumento do parque metalúrgico mineiro. 

Após a inauguração da usina de Três Marias (Bernardo Mascarenhas) em 1962, a empresa procedeu a um amplo levantamento do potencial hidrelétrico dos seis principais rios de Minas Gerais, com a ajuda de consultores do consórcio Canambra, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento dos chamados estudos energéticos da região Sudeste. O levantamento revelou a existência de um potencial disponível da ordem de 20 mil MW nas bacias dos rios Grande, Paranaíba, Doce, São Francisco, Jequitinhonha e Paraíba do Sul, servindo de base para a elaboração de pioneiro plano de eletrificação regional de longo prazo.

Iniciadas em 1966, as obras de Jaguara, maior hidrelétrica da Cemig no rio Grande, foram concluídas em cinco anos. Suas quatro unidades de 106 MW entraram em operação em 1971, permitindo à companhia superar a marca de 1 milhão de kW de capacidade instalada. 

Três Marias, principal fonte de geração da Cemig antes de Jaguara, recebeu mais quatro unidades no período entre 1963 e 1969, perfazendo sua atual capacidade de 396 MW. Em 1970, foram iniciadas as obras da usina de Volta Grande, no baixo rio Grande, entre os municípios de Miguelópolis (SP) e Conceição das Alagoas (MG). A hidrelétrica foi dimensionada para operar com quatro unidades de mesma potência, totalizando 380 MW. 

Inaugurada em julho de 1974, Volta Grande completou no ano seguinte a instalação do conjunto de máquinas de sua casa de força. A construção da hidrelétrica de São Simão, iniciada em 1973, consolidou a posição da Cemig como grande geradora. Maior usina da empresa, São Simão está situada no rio Paranaíba, no Triângulo Mineiro, em área dos municípios de Santa Vitória (MG) e São Simão (GO). Foi inaugurada em junho de 1978 com a entrada em operação da primeira de suas seis unidades de 268 MW. As demais foram instaladas progressivamente até novembro do ano seguinte, quando o aproveitamento atingiu a capacidade de 1.608 MW. 

A termelétrica de Igarapé foi instalada nas proximidades de Belo Horizonte, em área do município de Mateus Leme (atualmente pertencente ao município de Juatuba), com o objetivo de assegurar maior confiabilidade ao sistema energético da Cemig nos períodos hidrológicos desfavoráveis. 

Única usina a base de óleo combustível da companhia, Igarapé entrou em operação experimental em 1978, dispondo de uma unidade geradora de 125 MW. Procurando antecipar-se às necessidades energéticas configuradas pelo crescimento econômico de Minas, a Cemig planejou a construção de sua segunda maior usina, Emborcação, situada no rio Paranaíba, a montante de São Simão, entre os municípios de Araguari (MG) e Catalão (GO). As obras de Emborcação (Usina Hidrelétrica Teodomiro Santiago) começaram em junho de 1977 e em 1982 entraram em funcionamento duas unidades de 298 MW. A hidrelétrica recebeu mais duas unidades de mesma potência em 1983, perfazendo a capacidade de 1.192 MW.

Os investimentos em geração foram acompanhados pelo notável desenvolvimento do sistema de transmissão da empresa, merecendo destaque a expansão da rede de 345 kV, associada aos aproveitamentos do rio Grande, e a implantação de subestações e linhas de 500 kV para o escoamento da energia das duas grandes hidrelétricas do rio Paranaíba. Em 1989, a Cemig contava com cerca de 15 mil km de linhas em tensão igual ou superior a 138 kV. 

Em 1987, a empresa iniciou a construção da usina de Nova Ponte, no rio Araguari, com capacidade final estimada em 510 MW, retomando o programa de obras de geração, interrompido desde a conclusão de Emborcação. O projeto de Nova Ponte obedeceu às novas diretrizes de legislação ambiental estabelecidas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) para os empreendimentos do setor. Apesar da limitação de recursos para investimento, mais de 20% das obras civis da usina já estavam concluídos ao final de 1989.

Ao longo de sua trajetória, a Cemig incorporou e absorveu diversas concessionárias atuantes em Minas, ampliando sua presença como empresa distribuidora no estado. Entre elas destacam-se a Companhia Sul Mineira de Eletricidade (CSME), Companhia Força e Luz de Minas Gerais (CFLMG), Companhia Prada da Eletricidade e a Companhia Mineira de Eletricidade (CME).  

A Cemig mudou sua razão social para Companhia Energética de Minas Gerais em 1984. Operando de forma integrada nos segmentos de geração, transmissão e distribuição, era a mais antiga concessionária pública estadual do setor de energia elétrica. Em 1989, ocupava a posição de segunda maior empresa em vendas a consumidores finais e de quinta maior geradora do país. Com 4.464 MW de capacidade instalada, o parque gerador da Cemig era constituído por 37 usinas hidrelétricas, de grande, médio e pequeno portes, e uma termelétrica.

Em setembro de 1993, o Decreto nº 915 autorizou a formação de consórcios entre concessionárias públicas e autoprodutores para a exploração de aproveitamentos hidrelétricos, permitindo o acesso dos autoprodutores à rede de transmissão para o transporte de energia às suas unidades consumidoras. O decreto pretendia viabilizar a retomada de obras ou projetos paralisados pelas concessionárias estatais por insuficiência de recursos. O primeiro consórcio organizado com base no referido decreto teve em vista a construção da hidrelétrica de Igarapava (MG). Constituído em julho de 1994, com participação majoritária do capital privado, esse consórcio reuniu a Cemig e cinco empresas que se destacavam como grandes consumidores de energia. 

A partir de meados da década de 1990 começaram a ocorrer os leilões de privatização das concessionárias de energia elétrica, resultando na desestatização de 20 empresas distribuidoras e quatro geradoras, sem contar a transferência de um terço do controle acionário da Cemig para um consórcio liderado por companhias norte-americanas.

A expansão da capacidade geradora da Cemig na década de 1990 foi assegurada principalmente pelas hidrelétricas de Nova Ponte, Miranda e Igarapava, esta última construída em consórcio com empresas privadas.

Os demais acréscimos de capacidade instalada da Cemig ficaram por conta dos investimentos na construção e compra de usinas de menor potência. Em dezembro de 1992, a empresa colocou em operação a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Machado Mineiro em agosto de 1994, foi a vez da usina eólica do Morro do Camelinho.  

Quatro hidrelétricas e uma termelétrica foram compradas pela Cemig em 2000, hidrelétrica de Sá Carvalho, termelétrica de Ipatinga, hidrelétricas de Salto do Paraopeba, Salto Voltão e Salto do Passo Velho.  

A Cemig firmou parcerias com várias empresas para a construção das hidrelétricas de Porto Estrela, Funil, Queimado, Aimorés, Capim Branco I e Capim Branco II, somando aproximadamente 1.200 MW. As três primeiras tiveram suas obras iniciadas entre 1999 e 2000 e as demais nos anos seguintes. Cumpre ressaltar que as concessões para Porto Estrela, Queimado, Capim Branco I e Capim Branco II foram obtidas mediante licitação pública desses empreendimentos. Excetuando o consórcio com a Companhia Energética de Brasília (CEB) para a construção de Queimado, as demais parcerias foram estabelecidas com empresas privadas, em especial, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). 

Em 2000, a concessionária mineira assumiu a responsabilidade integral pela realização do aproveitamento hidrelétrico de Irapé, no rio Jequitinhonha, com 360 MW de potência. Ainda nesse ano, venceu a primeira licitação para subestações promovida pela Aneel, obtendo a concessão para a implantação e exploração da subestação Itajubá 3, tendo em vista a melhoria do fornecimento de energia elétrica ao sul de Minas. A Cemig constituiu empresas subsidiárias integrais de capital fechado para exploração de algumas usinas. 

As usinas de Guilman Amorim e Sobragi foram construídas em Minas Gerais, nos rios Piracicaba e Paraibuna, respectivamente. Guilman Amorim resultou de uma iniciativa conjunta da Samarco Mineração e da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Situada nos municípios de Nova Era e Antônio Dias, a usina foi inaugurada em novembro de 1997, atingindo a capacidade de 140 MW no ano seguinte. As obras de Sobragi foram realizadas pela Companhia Paraibuna de Metais, do grupo Paranapanema. Com potência de 60 MW, a usina está localizada nos municípios de Simão Pereira e Belmiro Braga. Sua entrada em operação ocorreu em maio de 1999. A Cemig apoiou a construção de Guilman Amorim e Sobragi, assumindo a responsabilidade pela operação das duas hidrelétricas, mediante acordos com seus proprietários. 

A usina de Porto Estrela (112 MW) foi construída no rio Santo Antônio, Minas Gerais, como resultado de uma parceria entre a Cemig, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) e a Companhia Têxtil Norte de Minas (Coteminas), cada uma com um terço de participação. 

As usinas de Aimorés e Funil foram construídas pela Cemig e pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) com participação de 49% da concessionária mineira e de 51% da companhia mineradora nos consórcios responsáveis pelos dois empreendimentos.

A usina de Capim Branco I foi construída no rio Araguari, entre as cidades de Araguari e Uberlândia, na região do Triângulo Mineiro, sob a responsabilidade do Consórcio Capim Branco Energia (CCBE), formado pela Cemig e quatro empresas privadas. Em novembro de 2000, o consórcio venceu o leilão para a construção e exploração das hidrelétricas de Capim Branco I e II, integrantes do complexo energético de mesmo nome. 

A usina de Irapé (Presidente Juscelino Kubitschek) foi construída pela Cemig no rio Jequitinhonha, na região norte de Minas Gerais, em área dos municípios de Berilo e Grão-Mogol e começou a gerar energia em 2006. 

Atualmente o Grupo Cemig é uma empresa de capital aberto e atua na geração, distribuição, transmissão e comercialização de energia elétrica e de gás natural. Atua em 24 estados e Distrito Federal atendendo a mais de 8, 5 milhões de consumidores. 


Referências utilizadas:

Site institucional da Cemig: https://novoportal.cemig.com.br/quem-somos/

CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Panorama do setor de energia elétrica do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Memória da Eletricidade, 2006.