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A Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina (CFLCL), empresa que deu origem à atual Energisa, foi constituída em 26 de fevereiro de 1905 na cidade de Cataguases, Minas Gerais. Em julho de 1908, a Cataguazes-Leopoldina inaugurou sua primeira hidrelétrica, a Usina Maurício, iniciando o atendimento dos dois municípios que lhe emprestaram o nome na Zona da Mata mineira. A companhia foi a terceira sociedade anônima a obter registro na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, abrindo seu capital em maio de 1907.
Ao longo de sua trajetória, a Cataguazes-Leopoldina permaneceu sob controle da família fundadora da companhia, ao contrário de outras concessionárias privadas de capital nacional que também surgiram no início do século XX. A partir do processo de desestatização do setor elétrico brasileiro nos anos 1990, a companhia ampliou seu espaço de atuação no setor, assumindo o controle de empresas distribuidoras em diversos estados. Em 2007, a Energisa tornou-se a holding do Sistema Cataguazes-Leopoldina, substituindo a CFLCL na Bolsa.
José Monteiro Ribeiro Junqueira, primeiro diretor-presidente da empresa, foi deputado federal por Minas em sucessivos mandatos ao longo de quase trinta anos no período da Primeira República. A CFLCL logo passou a atender diversos municípios da Zona da Mata Mineira, contribuindo significativamente para o desenvolvimento manufatureiro e a eletrificação dos principais centros urbanos da região.
Situada no rio Novo, afluente do rio Pomba, na divisa dos municípios de Leopoldina e Cataguazes, a Usina Maurício, com potência de 800 kW, foi a sexta hidrelétrica construída no país para iluminação pública, e a primeira a fornecer energia elétrica para mais de uma cidade.
O projeto e a construção da usina ficaram sob a responsabilidade da Trajano de Medeiros & Cia, uma das mais importantes empresas brasileiras dos ramos da construção civil e metalurgia da época, vencedora de concorrência aberta pela CFLCL. Em 1912, a s usina Maurício passou a operar com duas unidades geradoras, atingindo a capacidade instalada de 1.600 kW.
Sobre as ações precursoras como sociedade anônima no mercado de capitais, a CFLCL começou a fazer pagamentos de dividendos aos investidores em 1911 e, em 1925, iniciou um programa de participação nos lucros para os empregados da companhia. Já em 1971, fez a primeira emissão pública de ações.
A companhia expandiu paulatinamente sua área de atuação na
Zona da Mata mineira, por meio da aquisição de diversas concessionárias, como o
Serviços Elétricos de Muriaé (1910), a Companhia Pombense de Eletricidade
(1918), de Rio Pomba, a Empresa Força e Luz de Além Paraíba (1949), a Companhia
Leste Mineira da Eletricidade (1977), fornecedora de energia em Manhuaçu, e a
Empresa Industrial Mirahy (1994), de Miraí.
O sistema gerador da companhia foi ampliado em 1918 com a aquisição da usina Coronel Domiciano, situada em Muriaé, e a construção de novas hidrelétricas, começando pela usina Ituerê, no rio Pomba, com 4 megawatts de capacidade instalada, inaugurada em 1928. Já na década de 1950, entraram em funcionamento as duas turbinas de 5 MW da Nova Usina Maurício para melhor aproveitamento do potencial hidrelétrico do rio Novo. A usina ainda ganhou uma terceira turbina de 11,2 MW em 1970. Outro lance no segmento de geração foi a inauguração da Usina do Glória, em 1983, com potência instalada de 13 MW, em Muriaé. Nessas altura, a CFLCL era a concessionária privada com maior mercado consumidor e maior potência instalada no setor elétrico brasileiro. A empresa atendia com geração própria cerca de 10% da energia requerida pelo seu sistema. Os suprimentos de Furnas e da Cemig complementavam o restante de suas necessidades.
A pioneira Usina Maurício permaneceu em operação por um século, dando lugar em 2008 a um museu que retrata um importante período do setor elétrico no Brasil
A partir de 1996, a companhia começou a investir fora de Minas Gerais, assumindo a Companhia de Eletricidade de Nova Friburgo e o serviço de distribuição de Sumidouro, ambas no estado do Rio de Janeiro. Entre 1997 e 2000, a Cataguazes-Leopoldina venceu os leilões de privatização de três empresas distribuidoras: a Empresa Energética de Sergipe (Energipe), a Companhia Energética da Borborema (Celb) e a Sociedade Anônima de Eletrificação da Paraíba (Saelpa).
Uma grande transformação institucional ocorreu em 2007, após o processo de desverticalização do Sistema Cataguazes-Leopoldina, que deu origem à Energisa, novo nome na Bolsa de Valores, rebatizada Grupo Energisa. As subsidiárias passaram a adotar o nome seguido da identificação da região ou da atividade.
A mudança deu um impulso para que o conglomerado abrisse os horizontes a novos investimentos. No Rio Grande do Norte, em 2010, a holding instalou cinco parques eólicos e posteriormente direcionou recursos para a geração movida a biomassa. Em 2022, foi a vez de a fonte solar ganhar vez com o início da operação das usinas fotovoltaicas Rio do Peixe I e II, na Paraíba. Na mesma linha dos projetos de energia limpa, o Grupo Energisa comprou a Agric, em 2023, e ingressou no mercado de biofertilizantes e gestão de resíduos. Nesse ano, completando o quadro dos investimentos na transição energética, comprou a ES Gás, distribuidora de gás natural canalizado no Espírito Santo, e, em 2024, o controle da Norgás, detentora de participações na Algás (AL), Potigás (RN), Copergás (PE) e Cegás (CE).
Em 2014, ao adquirir o controle do Grupo Rede, a Energisa deu um salto no segmento de distribuição de energia elétrica, ampliando para 6,2 milhões o número de clientes e passando a atuar em 788 cidades de 9 unidades da federação. O número de estados ficou ainda maior com a inclusão de Acre e Rondônia, que tiveram as suas distribuidoras privatizadas em 2018, a Eletroacre e a Ceron.
Em 2025, a Energisa completou 120 anos como um dos maiores grupos de energia do país, controladora de nove distribuidoras, abrangendo 24% do território nacional, treze concessões de transmissão, dois parques eólicos e participações em cinco distribuidoras de gás natural.