Acervo

Norte Energia S.A.

28/07/2010
verbete atualizado em: 13/08/2025

Informações gerais

Tipo de organização
Empresa de geração
Data
28/07/2010

Conteúdo

Verbete

A história da Norte Energia se confunde com a da Usina Hidrelétrica Belo Monte, porque a empresa foi criada justamente para construir e operar o empreendimento de geração localizado no rio Xingu, estado do Pará. Com capacidade instalada de 11.233 megawatts (MW), Belo Monte é uma das maiores usinas do mundo e a maior hidrelétrica 100% brasileira. Começou a gerar energia em 2016, concluindo a instalação de todas as suas turbinas em 2019. A existência da Norte Energia está associada ao tempo do contrato de concessão da usina, de 36 anos, até 2055, como consta do Estatuto Social da companhia. Porém, o projeto hidrelétrico tem uma história que começou mais de 40 anos antes com os primeiros Estudos de Inventário da Bacia do Rio Xingu pelo Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores (CNEC), contratado pela Eletronorte para avaliar o potencial hidrelétrico das bacias da margem direita do rio Amazonas, englobando Tocantins, Tapajós, Xingu e Araguaia.

O processo foi longo, porque houve a necessidade de superar muitos desafios. Foram três anos apenas para fazer o mapa da Bacia do Xingu, trabalho realizado por 80 homens sob a liderança de seis técnicos da CNEC. Cada clareira aberta para pré-sinalização do solo, a fim de permitir a fotografia de uso cartográfico, tinha 100 m por 100 m. Foram feitas em torno de 200 clareiras, uma por dia, iniciativa pioneira na Amazônia para identificação das coordenadas de um ponto, com uso do rastreamento Doppler por satélite.

O trabalho do levantamento do potencial hidrelétrico, após vários cortes, chegou a oito pontos promissores. Com o apoio de consultores estrangeiros e baseado no trabalho topográfico, conseguiu-se fazer o inventário da nascente à foz do rio Xingu. A partir dos critérios de priorização de identificação de grandes blocos de energia, com o mínimo de aproveitamentos e foco no intercâmbio de energia elétrica entre as regiões, optou-se por áreas nas proximidades da Volta Grande do Xingu com duas quedas que somam 160 metros acima do nível do mar.

Houve um processo complexo de ajustes no projeto original, que passou por várias fases devido a restrições socioambientais associadas principalmente à construção de grandes reservatórios de regularização com o decorrente alagamento de extensas áreas de floresta, incluindo terras indígenas. Para contornar as principais críticas socioambientais, o governo federal, por intermédio do Ministério de Minas e Energia, decidiu alterar consideravelmente o projeto e excluir tanto os reservatórios de regularização quanto uma das usinas do complexo hidrelétrico, Babaquara. O resultado foi uma perda de quase seis mil megawatts de capacidade instalada, mas, em compensação, a área alagada foi reduzida de 7.200 km² para 1.225 km².

A exclusão dos reservatórios de regularização somente foi possível por causa da solução de engenharia que previu a construção de um Canal de Derivação, com 20 km de extensão, 210 metros de largura na base e 25 metros de profundidade. A decisão reduziu ainda mais o tamanho da área inundada, que ficou em 478 km², sendo que metade da medida é o próprio leito do rio, e não haveria mais o alagamento de terras indígenas.

Finalmente, em julho de 2005, o Congresso Nacional autorizou a implantação do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte por meio da promulgação do Decreto Legislativo (DL) nº 788/2005. Pela medida, deveriam ser feitos o Estudo de Impacto Ambiental (EIA); o Relatório de Impacto Ambiental (Rima); a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da Bacia do Rio Xingu; e o estudo antropológico das comunidades indígenas. O EIA-Rima, entregue em março de 2009, tem 38 volumes de informações sobre o projeto, o maior estudo feito sobre aproveitamento hidrelétrico na Amazônia até então.

O processo avançou bastante. No dia 1º de fevereiro de 2010, o Ibama concedeu a Licença Prévia (LP) e a Aneel, quatro dias após, aprovou os estudos técnicos do projeto, deixando o caminho livre para o leilão, ocorrido em 20 de abril de 2010. A Norte Energia se sagrou vitoriosa no leilão, o que abriu um novo capítulo na história da hidrelétrica após décadas de idas e vindas. 

O próximo passo foi obter a Licença de Instalação (LI) do Ibama, emitida em junho de 2011, que permitiu o início das obras da usina. Foram feitas algumas alterações no projeto, como a inclusão de mais um Canal de Derivação, a formação de um reservatório artificial, chamado Reservatório Intermediário, e a mudança no posicionamento do barramento do rio Xingu. Com as medidas, a área inundada ficou em 518 km² entre o leito do rio e o Reservatório Intermediário. Belo Monte foi construída como uma usina a fio d’água, sem reservatório de acumulação.

A Norte Energia teve que superar muitos desafios de engenharia para construir Belo Monte por conta das dificuldades logísticas de transportar equipamentos pesados para a área central do Pará, em Altamira e Vitória do Xingu, distantes, em média, 800 km de Belém, a capital paraense. Além do mais, a obra da hidrelétrica utilizou três milhões de metros cúbicos de concreto e mais de 160 mil toneladas de aço, equivalente à construção de 37 estádios do Maracanã e a 22 torres Eiffel.

Houve a localização de 199 sítios arqueológicos, com a descoberta de pinturas rupestres em 15 deles, além do resgate de mais de três milhões de peças. O resultado representa o maior acervo arqueológico mapeado em um empreendimento hidrelétrico no Brasil.

Antes do início da operação plena da usina, a Norte Energia adotou um Programa de Compliance com o objetivo de combater fraude e corrupção e criar uma cultura de comportamento ético dentro da empresa. Foi estruturada a Superintendência de Riscos, Controles Internos e Compliance e implantado o Programa de Integridade, que tem como ferramenta um Canal de Denúncias e utiliza mecanismos de avaliação de risco.

Em 27 de novembro de 2019, entrou em operação plena a maior usina hidrelétrica 100% brasileira e a quarta maior do mundo, com 18 turbinas de 611 MW na Casa de Força Principal e seis turbinas na Casa de Força Complementar, totalizando a capacidade instalada de 11.233 MW, sendo 4.571 MW médios de garantia assegurada. A Usina Hidrelétrica Belo Monte atende à aproximadamente 10% da demanda nacional de energia elétrica, o equivalente a 60 milhões de residências, uma das maiores fornecedoras do Sistema Interligado Nacional (SIN).

Apesar dos atrasos quase inevitáveis em um empreendimento desse porte, a Usina Hidrelétrica Belo Monte ficou pronta no prazo estabelecido no contrato de concessão e sua operação, desde 2019, tem se mostrado regular no fornecimento de energia elétrica para o SIN, dentro das médias estabelecidas no planejamento para os períodos de cheia e de seca.

Por meio de 117 programas e projetos, a companhia vem contribuindo para a conservação da biodiversidade na região, a inclusão social e o desenvolvimento econômico dos municípios mapeados nas áreas de influência direta e indireta da usina.

Os investimentos de caráter socioambiental, envolvendo ações nas áreas de saúde, educação, saneamento, segurança pública e programas de apoio às comunidades indígenas nos municípios da área de abrangência do empreendimento, já ultrapassaram o montante de R$ 6,3 bilhões. Além de 78 obras de educação, foram construídos três hospitais e 31 Unidades Básicas de Saúde.

A Norte Energia investiu ainda R$ 135 milhões em Unidades de Conservação (UCs) e instalou 20 escolas indígenas. O mapeamento da fauna da região catalogou mais de 1,2 mil espécies terrestres e quase 500 espécies de peixes. Foram resgatados quase 400 mil animais devido ao enchimento dos reservatórios e da supressão vegetal e, pelo menos, 18 novas espécies foram descobertas.

A companhia criou, em 2021, a Superintendência de Sustentabilidade para desenvolver ações, consolidadas em relatórios, e gerenciar projetos. Entre os mais importantes estão o Inventário de Emissões de Gás de Efeito Estufa (GEEEE) e o projeto de responsabilidade social Belo Monte Comunidade.

Outros destaques do ano foram o recorde de produção, em dezembro, de 4.370.256 MWh, e a certificação internacional I-REC Standard, que permite a emissão e comercialização de certificados de compensação de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) do escopo 2. A empresa negociou mais de 840 mil I-RECs, referentes à geração de energia de Belo Monte entre os anos de 2021 e 2025. O volume é suficiente para neutralizar o consumo médio anual de mais de 420 mil residências, quantidade maior do que os domicílios registrados em Belém, no Censo 2010.

Em 2022, a geração líquida de energia atingiu 36.767,325 MWh, 15,6% superior à produção do ano anterior, um recorde, atendendo a mais de 6,1% da demanda nacional. Houve ainda a publicação da Política de Direitos Humanos e do primeiro Inventário de Gases de Efeito Estufa, o que garantiu à Norte Energia a conquista do Selo Ouro do Programa Brasileiro de GHG Protocol.

A companhia começou a integrar o Pacto Global, em janeiro de 2023, e a participar do Grupo de Trabalho em Direitos Humanos para o Setor Elétrico Energético. A adesão ao Pacto Global fez a Norte Energia comprometer cada vez mais as ações às melhores práticas de sustentabilidade corporativa. O aumento de 4% no volume de venda de energia elétrica, totalizando 4.519 MW médios, colocou a Norte Energia na segunda posição do ranking da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Em 2024, devido à composição majoritariamente feminina de seu Conselho de Administração, com sete mulheres entre os 12 membros, a Norte Energia foi premiada na 7ª Edição do Prêmio de Liderança Feminina, concedido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

 

Relações