Acervo

Número do registro
AUD.VHS.039
Descrição
Entrevista com o engenheiro José Luiz Alquéres sobre consumo de energia elétrica e um panorama da situação econômica ligada ao setor elétrico.
Data
S.d.
Tipo Documental
ClippingTipo documental
Idioma
Cromia
CorCromia
Duração
00:23:30
Número de Itens
1
Transcrição
senhores assinantes Cá estamos nós nesta travessia de Maio rezando para os deuses da chuvas da chuvas que nos abandonaram neste verão mais quente e mais seco em meio século de Brasil do centro-oeste do Brasil do sudeste sem falar do Nordeste que sempre foi do ramo E por que os níveis nos reservatórios das usinas hidrelétricas ainda estão abaixo da metade das médias da estação e os investimentos do setor também o Governo está soltando na praça A partir dessa terça-feira um programa de contenção do consumo de energia para entrar em figura em Junho que é um misto de racionalização e ou relacionamento com direito a multas por excesso de consumo desperdício tal como multa por excesso de velocidade no trânsito bom o assunto é complexo por natureza é polêmico provocação e é sobre observamos conversar em nosso Espaço Aberto com um dos maiores especialistas brasileiros na matéria o engenheiro e consultor José Luiz alqueres que Preside o Fórum Brasileiro de energia elétrica e que tem mais de 40 anos de carreira ou de janela no setor primeiramente alteres o que o Fórum Brasileiro de energia O que é o Fórum Brasileiro de energia ou também o que o fórum realizou em São Paulo na última semana de Abril seminário de 3 dias tratando desse problema queria que me falasse inicialmente sobre o Fórum Brasileiro de energia o Fórum Brasileiro de energia foi criado pela abdibe que é uma Associação Brasileira do desenvolvimento da infraestrutura de base Ela é antiga a pedido da indústria de base passou para infraestrutura porque com a abertura do mercado com a privatização entendeu os que os agentes da construção da infraestrutura não eram apenas os antigos fabricantes de equipamento financeiros e considerou a importância de fazer o fórum nesse momento porque nós temos conversado muito sobre a perspectiva de uma o risco do suprimento de energia depois numa perspectiva de um racionamento distante de uma dificuldade e as perspectivas foram se aproximando e também chegamos à conclusão que o problema da energia talvez a gente tivesse falado muito internamente a gente vai falar mais para a sociedade e o fórum pela definição do termo é um lugar onde há um intercâmbio de ideias e divisões e ele procurou justamente trazer os diferentes segmentos da sociedade fabricantes investidores consumidores jornalistas enfim algo que a gente pudesse levar as nossas preocupações para a sociedade e as nossas formulações para o governo e para a própria sociedade para esse programa de racionalização que vão ser Nacional de Energia Elétrica todo o programa já estava amarrado eu creio que o programa já estava amarrado todo o governo esteve presente ouviu Esse é um programa que vai definir cotas no primeiro momento multas a visão do fórum é uma visão de não contingenciamento é uma ação mas via preço você pode dizer assim há um consenso que isso educa melhor o consumidor quer dizer o fórum concluiu que o melhor relacionamento seria um tarifa ainda que faço transitório com direito a recua lá na frente Possivelmente o sistema de preço foi inventado para alocar melhor essas decisões porque há dois problemas não é um problema é você diminuir o consumo há um problema de reeducar o uso da energia para os consumidores e ao terceiro de atrair investimentos então cota resolve quando muito um aspecto e uma visão Clara da questão tarifária resolve 3 certo porque simularia investimento também exatamente e a questão do investimento é crucial crucial A solução tarifária do atrativo há quem diga que essa essa racionalização e ou racionamento que vem vindo aí através inclusive de cotas e multas a partir de Junho colocaria o grosso da conta no consumo Residencial ou melhor na classe média dentro da sociedade brasileira a classe média geralmente a cabra do Dom Camilo né que leva o pontapé lá no fim da linha né na quinta-feira reclamaram mais uma vez lá no governo que elas vão pagar muito vão perder muito dinheiro com esse problema é por isso que eu mencionei que uma solução com a base de cotas não resolve o conjunto de causas que nos levaram essa situação ou seja se isso vai diminuir o rendimento das distribuidoras isso vai assustar ainda mais os investidores em relação ao ambiente desfavorável para negócios no Brasil então acho que nós temos que encarar de frente essa situação alguns estudiosos também sustentam que essa redução de até 20 25% pretendida no consumo Nacional por conta desse novo programa de racionalização ou racionamento é muito ambiciosa essa meta e que não seria atingido nem 10% dessa dessa redução de consumo aí a gente cairia no racionamento em rodízio mesmo com corte dirigido de suprimento eu acho que induzir uma redução de consumo com a rapidez que nós necessitamos para recompor os reservatórios nessa escala vai ser muito difícil a primeira reação não não vai corresponder uma redução nessa escala é as autorizadas que a contribuição maior viria realmente do Consumidor Residencial porque ali estaria hospedado ou diria melhor homiziado o desperdício maior de energia no Brasil isso é possível mas consumo Residencial representa alguma coisa do tipo 25% do Global se você reduz 20% ali você tá poupando 5% do total para isso durante a estação seca isso dá cerca de 30% de um mês é importante mas de qualquer forma teria que envolver para valer no mapeamento do programa 140 milhões de brasileiros exatamente não é isso porque o restante está fora desse alcance dos reservatórios estão cheios aqui no sul sul sobrando tá sobrando água aí no Sul no sul no Norte no norte como sempre né agora a planta de governo à parte há muita gente também sustentando o próprio fórum discutiu isso em São Paulo que a questão de fundo não é propriamente a falta de água é a falta de Capital que teria criado essa situação esse fio de gilete entre demanda e oferta entre oferta e demanda quer dizer nós estamos no fundo do poço dos investimentos não é isso porque saímos de um pico de quase 15 Bilhões de Dólares por ano para um piso aí de três quatro bilhões agora como aconteceu no ano passado e a privatização não teria reacelerado assim esse esse programa porque no primeiro momento a privatização acelerou assim porque porque em 93 e 94 estabeleceu-se um uma tarifa Realista e houve uma percepção dos agentes que os seus investimentos seriam remunerados o que acontece é que especialmente com a desvalorização cambial o sinal tarifário ficou muito negativo para o investidor Ele olha para tarifa média no Brasil ver que é 50 dólares e olha a tarifa fora dos Estados Unidos 72 na Europa está acima de 80 Então o que acontece ele imagina melhor botar o meu capital no lugar que eu tenha maior possibilidade de retorno a questão dos riscos soberanos do país e toda problemática de atuação do investimento externo agora por outro lado os mecanismos internos que sempre foram muito importantes a Eletrobras que tinham seus recursos foram desmontados dentro desse programa quer dizer desmontou-se o mecanismo de capitalização antes de se assegurar as condições sustentáveis para o fluxo de capitais do Mercado Nacional que fundo de pensão e outras formas de poupança poderiam canalizar ou do mercado internacional então nós ficamos No pior dos Mundos nós fizemos uma reforma Eu diria bem estruturada na medida que pensa em implantar um regime competitivo mas não praticamos sinais de Independência para o mercado se ajustar no levantamento feito para todos os participantes do Fórum Brasileiro de energia em São Paulo dois terços dos participantes perfeito eu acho que tem que haver a parceria e a participação do investimento estatal no setor de energia elétrica mesmo Estados Unidos da América eles têm uma expressiva participação no setor como um todo é da ordem de 20 a 25% dos ativos os ativos de propriedade do Governo Federal em geral na geração e municipal e tem muitas cooperativas também municipais e aqui no Brasil não há de ser diferente os grandes projetos de desenvolvimento Regional tipo Vale de São Francisco alguns vales da Amazônia com todas as questões ambientais eles demandam uma presença do estado a fronteira com meio ambiente que nós discutimos também muito no fórum são temas difíceis de serem tratados só pelos agentes privados agora o que é importante é que tudo isso seja feito num contexto de regras de mercado que a participação do estado não distorça as decisões naturais dos investidores porque no caso da Califórnia de que tanto se fala houve ali uma privatização da propriedade mas não da autoridade quer dizer um arrocho tarifário se perder todo o funcionamento do Mercado exato o estado quando entra oferecendo tarifa pela metade do preço que custa a um alguém desenvolver como hoje ocorrendo sua energia 18 dólares e você fazer uma nova Usina custa o dobro isso é um motivo de preocupação para a gente no mercado ele acha que as regras serão sempre particularizadas e essa parceria setor público setor privado daqui para frente funcionaria com essa perspectiva de controle assim leonino até porque o controle tarifário estaria submetido a interesses de política econômica se até mesmo interesses fiscais eu acho que a perspectiva ainda que dentro de uma situação temporária haja esse recrudecimento da presença do estado em relação a tarifa por razões que nós compreendemos e entendemos Eu acho que isso rapidamente o estado vai recuar e vai deixar um jogo mais livre de formação do preço em condições competitivas porque todo modelo da abertura brasileira repousa nisso e foi assim nós estávamos assim em 98 após Janeiro de 99 é que essas distorções ocorreram e não foi dado encejo para rapidamente se ajustar então a defasagem hoje é muito grande e está comprometendo o fluxo de investimentos na verticalização do sistema que é uma verticalização estrutural natural nós temos geração transmissão distribuição instrutor privado tem preferência pela ponta da distribuição em segundo lugar pela base da geração e a transmissão é o filho da nega maluca é a paradoxalmente a transmissão ficou na mão do estado para ninguém usar dela como um fator de discriminação ou seja não transportar uma energia que um determinado gerador fizesse para um mercado que ele escolhesse então a transmissão seria neutra E altamente regulada a uma tarifa definida pelo Estado igual para todo mundo de garantia para o privado na geração e para o privado na distribuição na distribuição Primeiro eles correram para lá porque é natural o ciclo de investimento é mais rápido você puxa uma linha e faz uma estação num ano começa a faturar um ano depois na geração você leva 5 6 7 8 anos Depende de licença Então você tem que botar dinheiro é um fluxo de caixa negativo durante cinco anos até conseguir começar a pagar os seus empréstimos na distribuição é mais curto depois a distribuição sendo privatizada você criou uma empresa com um bom risco de crédito que vai pagar a conta do gerador e esse meio de campo aí da transmissão o governo tem operado aliás nesse processo inteiro operador Nacional de sistema tem operado bem eu diria que tem feito Milagres em termos de procurar realmente tirar o máximo partido dessa belíssima engenharia que é o sistema interconectado brasileiro poderá ser esclarecido agora com a divulgação do programa na terça-feira nesta Dia 8 é o seguinte as distribuidoras já privatizadas era se obrigam a desenvolver o chamado programa de universalização quer colocar o fio da Luz em cada barraco na cidade em cada Tapera no campo é a universalização da energia como é que fica com esse programa A universalização ficaria suspensa até a segunda ordem a única coisa da universalização que pode competir é o recurso alocado para ela não a quantidade de energia que é mínima e não faz a menor diferença nesse Mercado Global então aí não haveria nenhum problema de energia para a universalização o que existe é que atender um desses consumidores custa em média 3 mil dólares e não 300 que custa atender um consumidor dentro da cidade tá certo agora vamos falar do potencial hidrelétrico parece que essa crise de energia está criando uma imagem tanto quanto desgastada do sistema hidroelétrico hidrelétrico quer dizer as hidrelétricas por falta de chuva ou elas não merecem isso num país que tem uma vocação realmente fantástica nesse nessa área que não está explorando se quer nem um terço do seu potencial seu inventário o sistema hidrelétrico brasileiro é uma das grandes construções da tecnologia nacional e hoje até exportada para outros países dizem que em matéria de engenharia de construção e engenharia de projeto em matéria de hidroeletricidade o Brasil é primeiro no mundo perfeito eu diria até mesmo fabricação de equipamentos como os equipamentos de Itaipu fabricados aqui nós somos absolutamente exemplares conhece-se a questão das chuvas era previsível o sistema brasileiro é projetado para um período crítico de três anos ou seja ele pode passar por situações mais graves do ponto de vista ideológico do que nós estamos passando admitindo que a cada ano você tem acréscimo de energia equivalente ao crescimento por isso a importância do planejamento o que existiu é que na última década nos últimos 10 anos o mercado cresceu há quatro por cento e a três parece uma bobagem 1% ao ano bota 10 anos são um crescimento composto da ordem de 12%. aplica sobre a base do Sistema Brasileiro de 70.000 megawatts você tem aí 8.400 megawatts quase uma Itaipu a menos é na margem de segurança exatamente Tá certo você perdeu uma ideia Ipu em termos de flexibilidade de operação então e a chegada das termelétricas a gás natural foi lançado aí uma baciada de 49 usinas e Até agora nenhuma delas está decolando O que que está vendo aí É Uma Questão dois contratos de gás tá se colocando toda a culpa digamos assim na questão cambial não é apenas isso as modalidades de contratação do gás os contratos chamados taker pay que você paga usando ou não o gás geraram um complicação adicional especialmente no início do processo de todo mundo esperava bem mas se chover eu vou ter águas ter água vou ter uma energia barata então eu não posso fazer um taker pay alto certo e a definição em função do contrato com a Bolívia respeito deveria ser da ordem de 85%. então isso criou dificuldade há uma questão pouco comentada também da natureza dos tributos incidentes sobre isso tudo com quem fica e que medidas se incorpora no preço se as indústrias podem repassar ou não tudo isso atrasou aí é o pior ainda não está solucionado agora para encerrar o Fórum Brasileiro de energia em relação a outra polêmica instalada de que o certo seria dolarizar de vez a tarifa do setor elétrico em geral porque o petróleo é importado gás importado máquinas e equipamentos também são importados os empréstimos são importados até Itaipu está dolorizada desde o nascimento por contrato pétrio quer dizer essa dolarização que a equipe Econômica já chamou de renderização que isso é um palavrão lá em Brasília como é que fica isso acho que não precisa ir por essa linha assumindo apenas uma coisa cria-se um colchão mais uma vez por ano as variações cambiais Tem que haver compromisso serem repassadas pela tarifa havendo isso você não estaria correndo o que não o que não há uma garantia que ocorra nem com a abertura do câmbio em 99 com rescaldo em 2000 aconteceu isso há uma atitude do governo dizer isso vai ser considerado mas isso pro investidor é pouco o próprio equipe do Fórum da abdibe nós propusemos uma espécie de um fundo e nem era um fundo muito grande o fundo que acho melhor de Dólares que significaria apenas 10% do investimento das novas técnicas que os próprios empreendedores constituiriam esse fundo que permitiriam absorver variações cambiais mas uma vez por ano aquilo seriam repassados nas tarifas tem que ser uma solução que concilia os interesses da equipe Econômica são os interesses nacionais são os interesses da estabilidade Econômica financeira com as possibilidades dos investidores não Eles não atrai o capital e o não não se materializam as novas usinas bom para encerrar ainda em maio o governo de Cid pela retomada ou não do projeto de Angra 3 que estaria quase já pela metade Angra 3 e a única certeza por enquanto é que nesta terça-feira dia 8 o Conselho Nacional de política energética estará reunido em Brasília para aprovar o texto final do programa de racionalização e ou relacionamento da força e da luz a partir de Junho como a matéria polêmica com implicações técnicas implicações políticas econômicas sociais o negócio é a gente aguardar a divulgação desse texto final cuja discussão até agora tem gerado em todo o país mais calor do que luz obrigado pela participação em nosso programa de José Luiz alqueires Engenheiro consultório presidente do Fórum Brasileiro de energia Obrigado senhores assinantes
Estado de conservação
BomEstado de Conservação
Créditos
Acervo Memória da Eletricidade