Acervo

Antônio Carlos Magalhães

1927-2007
Local de nascimento
Salvador - BA
Local de falecimento
São Paulo - SP
Verbete

Antônio Carlos Antônio Carlos Peixoto de Magalhães nasceu em Salvador, Bahia no dia 4 de setembro de 1927. Formou-se em Medicina em 1952 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Foi professor-assistente da cátedra de Higiene da mesma faculdade e médico do serviço público do estado da Bahia.

Foi deputado estadual de 1955 a 1959 pela União Democrática Nacional (UDN), exercendo as funções de líder do seu partido e vice-líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia. Integrante da corrente liderada por Juraci Magalhães, foi eleito deputado federal em outubro de 1958. Tomou posse do mandato em fevereiro do ano seguinte, destacando-se como aliado do presidente Juscelino Kubitschek e adversário de seu sucessor, Jânio Quadros. Reeleito em outubro de 1962, participou das articulações do movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart em abril de 1964. Com a dissolução dos partidos políticos em outubro de 1965 por determinação do Ato Institucional nº 2 e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação governista criada em abril de 1966. Foi o primeiro presidente da Arena baiana, obtendo novo mandato de deputado federal por essa legenda em novembro de 1966. Licenciou-se da Câmara dos Deputados em fevereiro de 1967, em decorrência de sua nomeação para o cargo de prefeito de Salvador pelo governador Luís Viana Filho. Além de grandes obras viárias, sua administração foi marcada pela notável expansão dos empreendimentos imobiliários na capital baiana, favorecida pela transferência da posse de terrenos da prefeitura em regime de aforamento para a iniciativa privada.

Em abril de 1970, deixou a prefeitura e reassumiu a cadeira de deputado federal, sendo eleito governador da Bahia pela Assembleia Legislativa em outubro do mesmo ano. Concluiu seu mandato na Câmara dos Deputados em janeiro de 1971 e assumiu a chefia do Executivo baiano em março seguinte. Em sua primeira gestão como governador, empreendeu a construção da primeira etapa do porto de Aratu e assegurou o apoio do governo federal para a implantação do Complexo Petroquímico de Camaçari. Permaneceu à frente do governo estadual até março de 1975, sendo substituído por Roberto Figueira Santos. Em novembro do mesmo ano, foi nomeado pelo presidente Ernesto Geisel para a presidência da Eletrobras, em substituição ao engenheiro Mario Penna Bhering. Assumiu o comando da empresa federal na fase inicial de execução e definição de grandes empreendimentos, como as hidrelétricas de Itaipu, Tucuruí e Itaparica, a central nuclear de Angra II e o sistema de transmissão Norte-Nordeste.

Para consecução dessas obras, a Eletrobras recorreu intensivamente aos empréstimos e financiamentos externos. Antônio Carlos Magalhães conduziu as negociações com grupos industriais e bancos franceses para a aquisição e financiamento dos equipamentos destinados à usina de Tucuruí e seu sistema de transmissão, prevendo entretanto expressiva participação da indústria nacional nas encomendas. Seguindo determinação do governo Geisel, implantou e coordenou o Núcleo de Articulação com a Indústria (NAI) do setor de energia elétrica, tendo em vista o apoio ao desenvolvimento das indústrias fornecedoras de bens ao setor. Em sua gestão, a Eletrobrás deu início às atividades do Sistema de Informações Estatísticas do Setor de Energia Elétrica (Siese), criou a Diretoria de Operação de Sistemas (DO) e deu grande impulso a projetos de eletrificação rural.

Em outubro de 1976, tomou posição contra a projetada operação de compra da Light Serviços de Eletricidade por um grupo de vinte empresários brasileiros, entre os quais, José Ermírio de Morais (Votorantim) e Augusto Trajano de Azevedo Antunes (Caemi). A operação previa a transferência do controle acionário da concessionária para a Empresa Brasileira de Participações (Embrapar), mediante o pagamento de 563 milhões de dólares à Brascan Limited no prazo de dez anos, com garantia de recursos do Tesouro Nacional. A proposta foi efetivamente indeferida pelo ministro das Minas e Energia, Shigeaki Ueki. Em dezembro de 1978, posteriormente à saída de Antônio Carlos Magalhães da Eletrobrás, o governo Geisel tomou a decisão de adquirir a Light, promovendo a estatização da maior distribuidora de energia elétrica do país.

Deixou o comando da Eletrobrás em maio de 1978, quando foi substituído pelo engenheiro Arnaldo Rodrigues Barbalho. Em setembro do mesmo ano, foi eleito governador da Bahia pelo Colégio Eleitoral do estado. Assumiu o cargo em março do ano seguinte, substituindo Roberto Santos. Na mesma época, começou a circular o diário Correio da Bahia, de sua propriedade, em sociedade com o ex-governador Antônio Balbino e o embaixador Paulo de Tarso Flecha de Lima. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS). Permaneceu à frente do Executivo baiano até março de 1983, transmitindo o cargo a João Durval Carneiro. Tornou-se presidente da Fundação Baiana de Estudos Econômicos e Sociais, ligada ao Banco de Desenvolvimento do Estado da Bahia (Desenbanco) Ainda em 1983, tornou-se um dos principais defensores da pré-candidatura do ministro do Interior, Mário David Andreazza, à sucessão do presidente João Batista Figueiredo.

Opôs-se à Emenda Dante de Oliveira que propunha o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da República, contribuindo para a rejeição da proposta pela Câmara dos Deputados em abril de 1984. Após a escolha do deputado Paulo Maluf como candidato oficial do PDS em agosto do mesmo ano, aderiu à Frente Liberal, ala dissidente da agremiação situacionista, que apoiou a chapa Tancredo Neves-José Sarney em aliança com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Participou da campanha que culminou com a vitória da chapa oposicionista no Colégio Eleitoral em janeiro de 1985. Integrou o governo da Nova República, chefiado por José Sarney em razão da doença e posterior falecimento do presidente eleito Tancredo Neves, assumindo o Ministério das Comunicações em 15 de março de 1985, em substituição a Haroldo Correia de Matos. Em janeiro de 1986, ingressou no Partido da Frente Liberal (PFL). Defendeu o mandato de cinco anos para o presidente Sarney e foi um dos principais articuladores do agrupamento parlamentar suprapartidário conhecido como Centrão nos trabalhos de elaboração da nova carta constitucional do país, promulgada em 1988.

Apoiou a candidatura vitoriosa de Fernando Collor de Mello no segundo turno das eleições presidenciais de 1989. Permaneceu no Ministério das Comunicações até o final da administração do presidente Sarney, em março de 1990, sendo responsável pela indicação do engenheiro Joel Marciano Rauber para a secretaria de Comunicações do ministério da Infra-Estrutura, criado pelo novo governo. Em outubro de 1990, concorreu às eleições para o governo da Bahia na legenda do PFL, obtendo seu terceiro mandato, desta vez pelo voto direto. Tomou posse em março de 1991, em substituição a Nilo Augusto de Morais Coelho, mantendo participação proeminente na política nacional. Opôs-se sem sucesso ao pedido de abertura do processo de impeachment contra o presidente Collor, aprovado em setembro de 1992. Deixou o Executivo baiano em abril de 1994 para concorrer ao Senado, sendo substituído por Antônio José Imbassahy da Silva que ocupava na época o cargo de presidente da Assembleia Legislativa da Bahia.

Foi um dos principais responsáveis pela aliança entre o PFL e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) que deu sustentação à campanha de Fernando Henrique Cardoso na sucessão do presidente Itamar Franco. Conquistou a vaga de senador em outubro de 1994, simultaneamente à vitória de Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno das eleições presidenciais. Assumiu o mandato no Senado em fevereiro de 1995, tendo sido eleito presidente dessa casa em 1997, substituindo o senador José Sarney, e reeleito em 1999. Avalizou a indicação de vários membros do primeiro e segundo escalão do governo Fernando Henrique Cardoso, entre os quais, os ministros Raimundo Mendes de Brito e Rodolpho Tourinho Neto, nomeados para pasta de Minas e Energia em 1995 e em 1999, respectivamente.

Exerceu o cargo de presidente do Senado até fevereiro de 2001, quando foi substituído por Jader Fontenelle Barbalho. Acusado de envolvimento em episódio de violação do painel eletrônico do Senado, renunciou ao mandato em maio de 2001 para evitar um processo por quebra de decoro parlamentar. Reeleito senador pelo PFL da Bahia em outubro de 2002, iniciou novo mandato em fevereiro do ano seguinte. Em março de 2007, com a mudança de denominação do PFL, passou a integrar a bancada do Democratas (DEM) no Senado. Reconhecido como um dos políticos mais influentes e controversos do país, faleceu em São Paulo (SP) no dia 20 de julho de 2007. Publicou O médico e a sociedade e Discursos parlamentares. Sobre sua vida, foi publicado Antônio Carlos Magalhães - política é paixão (1995), baseado em depoimento prestado a uma equipe de jornalistas. Suas empresas de comunicação incluíram também a TV Bahia, afiliada à Rede Globo de Televisão.

Fontes: Acervo Memória da Eletricidade

Imagem: Foto: Autor desconhecido. Acervo Memória da Eletricidade

Trajetória profissional
  • 1975 - 1978 - Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobras - Presidente.
Formação Acadêmica
  • 1952 - Faculdade de Medicina da Bahia - Medicina.
Identificador
16222
Texto para histórico

Biografia atualizada por Paulo Brandi no ano de 2008.

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