A Memória Empresarial e a Gestão do Conhecimento

Postado em 28/08/2020
Cecilia Bhering

Historiadora e bibliotecária, foi gerente da biblioteca de Cemig por 10 anos. Coordenou os projetos socioculturais na companhia até se aposentar, em 2013. Atualmente é consultora do Museu Mineiro.

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Quando concebeu o Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, em 1986, a Diretoria da Eletrobras evidenciou seu propósito de preservar não apenas o conhecimento sobre o setor elétrico, mas também a história da industrialização e do desenvolvimento socioeconômico do Brasil.  

As primeiras pesquisas contaram com documentalistas de diversas concessionárias de energia do país que, compreendendo a relevância do projeto, se uniram para identificar, catalogar e indexar dados em todo o território nacional.  

Desse esforço pioneiro resultou o Guia de Fundos Documentais do Setor Elétrico, uma compilação das referências contidas nos acervos existentes: bibliotecas, hemerotecas, arquivos técnicos, normas, coleções de fotos, desenhos e diagramas de instalações térmicas privadas do Norte do país que sequer tinham manuais de operação.  

A fotografia documental de instalações e equipamentos aos poucos se revelava. Era a memória traçando um retrato fiel do presente. 

Todo esse material ficou disponível para empréstimos, consultas e pesquisas, promovendo um rico e inédito intercâmbio. 

O papel da memória

Anos depois, a Memória da Eletricidade e outros centros de memória empresarial confirmaram que o registro, a classificação e a disseminação, etapas da gestão do conhecimento, permitiram às empresas retornar a seus acervos para refletir sobre marcos e rupturas das organizações, assim como para subsidiar processos de gestão de riscos, fusões, consulta de legislação e governança.  

O ano de 2020 traz uma grande conquista para a Memória da Eletricidade. A digitalização de seu acervo numa plataforma moderna e de navegação amigável facilita o acesso às informações e amplia o alcance da instituição. 

Depoimentos transcritos e publicados destacam a contemporaneidade das ideias e práticas de fundadores, dirigentes, técnicos e de todos aqueles que estruturaram o setor elétrico.  

Os casos relatados nos fazem refletir sobre o desgaste de condutas que precisam ser retomadas, como a correta gestão ambiental das instalações e equipamentos, as relações com as comunidades do entorno dos empreendimentos e, principalmente, o papel que o setor tem no desenvolvimento social, levando energia às populações rurais e àquelas menos favorecidas.  

Para além do lucro, o setor tem um compromisso com as pesquisas de fontes renováveis de energia e a educação para seu consumo, visando à preservação dos recursos finitos do planeta.  

O conhecimento e a cultura são, definitivamente, meios de contarmos nossa própria história, alinhando ideias, falas e escutas, de modo a evoluirmos com responsabilidade.  

Parabéns à Memória da Eletricidade pela perseverança e seriedade de seu trabalho.  

Parabéns às empresas parceiras e mantenedoras, que possibilitam a continuidade de sua missão.

Cecilia Bhering

Historiadora e bibliotecária, foi gerente da biblioteca de Cemig por 10 anos. Coordenou os projetos socioculturais na companhia até se aposentar, em 2013. Atualmente é consultora do Museu Mineiro.