No estudo da Chesf, demostra-se que as escolhas político-institucionais e os respectivos legados históricos, delineados com a sua gênese, estabelecem certas direções de mudança e continuidade, determinando as rotas da modernização econômica e da industrialização do Nordeste do Brasil. Na análise da trajetória dessa empresa, pioneira do setor elétrico estatal (agora em fase de privatização), destacam-se os desenhos organizacionais e os impactos setoriais e regionais decorrentes do seu estilo de atuação nos últimos cinquenta anos. O trabalho, descritivo e critico-analítico, concentra-se em dois planos, o organizacional e o político-institucional. Argumenta-se ser a Chesf fruto da ação de um Estado forte e autônomo e uma bem-sucedida agência insulada, detentora de um eficiente modelo empreendedor de administração. Suas crises, dilemas e contradições, identificados ao longo da tese, mostram, entretanto, que a herança do regime burocrático-autoritário e a grande ênfase conferida ao crescimento econômico, associadas à crise fiscal do Estado, em última instância, exerceram preponderante influência nos desacertos e na desarticulação de políticas ainda originárias do processo de state building desenvolvimentista, também declinantes com a emergência de uma era mais pluralista e democrática na história recente do país.