Organizações do Setor
Eletrosul
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Nome
Eletrosul
Centrais Elétricas do Sul do Brasil - Eletrosul
Eletrobras CGT Eletrosul
Nome para Referência
Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores, Centrais Elétricas do Sul do Brasil
Data
23 /12/1968
Tipo de organização
Empresa de geração e transmissão de energia elétrica
Verbete

Controlada pela Eletrobras e vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil (CGT Eletrosul), constituída em 02 de janeiro de 2020, é uma sociedade de economia mista resultante do processo de reestruturação societária das subsidiarias da Eletrobras da região Sul do Brasil: CGTEE, em operação desde 1997, e Eletrosul Centrais Elétricas S.A., fundada em 23 de dezembro de 1968. 

 A Eletrosul contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do sistema elétrico brasileiro, destacando-se como uma das principais empresas de energia elétrica do país. Denominada originalmente Centrais Elétricas do Sul do Brasil, a empresa surgiu numa etapa avançada do processo de estatização do setor elétrico, iniciado em meados do século XX. Esse processo foi consolidado em 1962, com a constituição da Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras) como holding das empresas federais de energia elétrica, agência de financiamento e de planejamento setorial em escala nacional.

 A ideia da criação da Eletrosul amadureceu durante o trabalho do Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos da Região Sul (Enersul), organismo criado em 1966 pelo Ministério das Minas e Energia (MME), responsável pela supervisão do pioneiro levantamento dos recursos energéticos e do mercado de energia elétrica da região. Na época, os estados sulinos contavam com apenas 800 MW de potência instalada, de origem predominantemente térmica. As empresas de energia elétrica da região dispunham de redes pouco complexas, ligando unidirecionalmente usinas e centros de consumo. 

A companhia foi constituída sob a forma de sociedade anônima de economia mista, com sede em Brasília e escritório central no Rio de Janeiro, sendo autorizada a funcionar como empresa de energia elétrica em abril de 1969 pelo Decreto nº 64.395. As atribuições da empresa foram redefinidas na década de 1970, por ocasião da regulamentação das atividades relativas à operação dos sistemas interligados das regiões Sul e Sudeste. A empresa passou então a responder, como subsidiária de âmbito regional da Eletrobras, pela construção e pela operação de usinas hidrelétricas e termelétricas de interesse supra-estadual bem como pela instalação de linhas de transmissão em alta e extra-alta tensão.

A década de 1970 foi marcada ainda pela transferência da sede e do escritório central da Eletrosul para Florianópolis, levada a cabo em 1977, e pela realização dos estudos de inventário do potencial hidrelétrico do trecho brasileiro da bacia do rio Uruguai. O inventário indicou a possibilidade de 22 novos empreendimentos, entre os quais os aproveitamentos de Itá e Machadinho, totalizando 10 mil MW de potência instalada.

A primeira hidrelétrica construída pela Eletrosul foi a de Passo Fundo, localizada no norte do território gaúcho, em área do município de Entre Rios do Sul. O arranjo do aproveitamento compreende o desvio das águas do rio Passo Fundo para o seu afluente Erechim, aproveitando uma diferença de nível de 260 m. As obras começaram em 1966 por iniciativa da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), passando à responsabilidade da Eletrosul em 1969. 

A usina de Salto Osório representou a segunda iniciativa da empresa na produção de energia de origem hidráulica. As obras começaram em 1970, sob a supervisão da Eletrosul e foram executadas pela Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). A entrada em operação da usina ocorreu em outubro de 1975. 

A usina de Salto Santiago, terceiro e maior empreendimento hidrelétrico da Eletrosul, foi construída no rio Iguaçu, 45 km a montante do aproveitamento de Salto Osório. Os trabalhos da primeira etapa de Salto Santiago tiveram início em 1975 e, em 1980, o primeiro grupo gerador, de 333 MW, entrou em operação comercial. Em 1982, começou a funcionar o quarto grupo, completando-se assim a primeira etapa da usina, com a potência de 1.332 MW.

A termeletricidade, importante modalidade de geração de energia no sul do país, constituiu uma expressiva frente de atuação da Eletrosul desde sua constituição. A necessidade de reduzir o número de empresas federais na região com vistas à eliminação dos custos administrativos e a uma melhor coordenação operacional levou a empresa a proceder a uma série de incorporações no início da década de 1970. Ainda no início da década de 1970 a Eletrosul incorporou a Termoelétrica de Charqueadas S.A. (Termochar), empresa integrante do núcleo original de subsidiárias da Eletrobras, Termoelétrica de Alegrete S.A. (Termoale) e a Sociedade Termoelétrica de Capivari (Sotelca). A expansão do sistema de transmissão da Eletrosul ocorreu principalmente nas tensões de 230 e 500 kV. 

Em 1974, a entrada em operação da linha entre Tubarão e Joinville, em Santa Catarina, completou e interconexão em 230 kV dos três estados do Sul pelo litoral. O sistema de transmissão vinculado à usina de Salto Osório começou a operar em 1975, assegurando nova interligação entre os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul pelo Oeste e reforçando o suprimento de energia ao norte paranaense. 

A crise econômica dos anos 1980 dificultou os planos de expansão e o equilíbrio financeiro da Eletrosul e das demais empresas de energia elétrica. No entanto, mesmo diante desse cenário, a Eletrosul concluiu as obras do primeiro estágio do sistema de transmissão associado à usina de Salto Santiago, estabelecendo a ligação em 500 kV de sua maior usina no rio Iguaçu com a subestação Areia e a cidade de Curitiba. No final da década de 1980, encontravam-se em execução apenas três empreendimentos de geração: as termelétricas Jorge Lacerda IV e Jacuí, perto de Porto Alegre, e a hidrelétrica Itá, no rio Uruguai, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. 

Nos anos 1990, o quadro institucional do setor elétrico brasileiro sofreu profunda transformação. As mudanças no setor compreenderam a privatização de concessionárias, a separação das atividades de geração, transmissão e distribuição, a licitação das concessões e a reformulação das entidades especializadas nas funções de regulação, planejamento da expansão e operação dos sistemas elétricos.

Em 1995, o presidente Fernando Henrique Cardoso incluiu a Eletrosul no Programa Nacional de Desestatização (PND), juntamente com a Eletrobras e as demais empresas regionais controladas pela holding federal. Entre as grandes empresas subsidiárias da Eletrobras, apenas a Eletrosul foi desverticalizada e teve seus ativos de geração privatizados. A cisão da companhia foi consumada em dezembro de 1997, em Assembleia Geral Extraordinária que aprovou a transferência dos seus ativos de geração para uma nova empresa, denominada Centrais Geradoras do Sul do Brasil (Gerasul). Com a privatização da Gerasul em 1998, a Tractebel (atual Engie) assumiu o controle das usinas que haviam pertencido à Eletrosul, somando cerca de 3.700 MW de potência instalada. Adaptada a uma nova realidade, a Eletrosul tornou-se uma concessionária de serviços públicos de transmissão e teve seu nome alterado para Empresa Transmissora de Energia do Sul do Brasil, permanecendo como subsidiária da Eletrobras.

 Em 1999, sua rede de transmissão passou a integrar o Sistema Interligado Nacional (SIN), constituído mediante a implantação da linha de transmissão Norte-Sul que conectou os dois grandes sistemas interligados (Norte/Nordeste e Sul/Sudeste/Centro-Oeste), coroando o longo processo de interligação dos sistemas elétricos do país. 

No ano de 2004, seis anos depois de ter seu parque gerador totalmente privatizado recebeu autorização do Governo Federal para voltar a investir em geração de energia. 

Atualmente a CGT Eletrosul conta com geração de energia proveniente das fontes hídrica, térmica, eólica e solar, totalizando 2 GW de capacidade instalada. Opera 7 usinas hidrelétricas próprias e em parceria, a Termelétrica Candiota III (Fase C), o Complexo Eólico Cerro Chato e a Usina Megawatt Solar (1 MWp). 


Referências utilizadas: 

Site institucional da CGT Eletrosul: http://www.eletrosul.gov.br/a-empresa/quem-somos/historico/-cgt-eletrosul

CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Panorama do setor de energia elétrica do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Memória da Eletricidade, 2006.

CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. Eletrosul 50 anos. Rio de Janeiro (RJ): Memória da Eletricidade no Brasil, 2018. Texto de Paulo Brandi Cachapuz (Pesquisador da Memória da Eletricidade).